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Marcelo fala hoje com Costa para perceber plano do Governo
Expresso


Presidente da República recebe o primeiro-ministro às 18h00 e espera perceber que plano tem o Governo para gerir o país no próximo mês. O decreto do estado de emergência mantém o confinamento como está, mas Marcelo quer mais informação antes de falar amanhã ao país.

Marcelo Rebelo de Sousa recebe António Costa esta quarta-feira às seis da tarde, logo após terminar as audiências aos partidos políticos e antes de fechar o decreto que voltará a renovar o estado de emergência por mais 15 dias.

A reunião, que habitualmente decorre às quintas-feiras no palácio de Belém, é antecipada para hoje porque amanhã o primeiro-ministro tem que marcar presença na reunião do Conselho Europeu. Mas será aproveitada pelo Presidente para tentar perceber o que ainda não está claro: como tenciona o Governo preparar o desconfinamento do país.

A convicção do Presidente é que dentro do Governo há fortes pressões, nomeadamente da Economia e da Educação, para reabrir mais depressa o país, e as declarações da ministra da Presidência, no fim de semana, quando disse que as escolas serão as primeiras a abrir, puseram o PR de sobreaviso.

No decreto que enviará ainda esta quarta-feira ao Parlamento, Marcelo mantém o país tão confinado como está - apenas mexe no preâmbulo do texto. Mas quer confirmar com o primeiro-ministro que as pressões que dia a dia crescem em vários setores da sociedade e dentro do próprio Executivo para que se acelere a abertura de algum comércio e das escolas, não levará a nenhuma precipitação no rumo que estava previsto.

A saber: manter o país confinado enquanto os números de internamentos, nomeadamente em cuidados intensivos, se mantiver muito acima dos parâmetros definidos pelos próprio Presidente. E à luz dos números de hoje, os internados em UCI são três vezes mais do que os 200 apontados por Marcelo como critério seguro para se pensar em abrir.

Nas reuniões que teve com os partidos entre ontem e hoje,Marcelo Rebelo de Sousa foi deixando sinais de desagrado por não ter informação do Executivo sobre um plano concreto para ir preparando o desconfinamento pós-Páscoa.Coisa que ele próprio pediu na última renovação do estado de emergência, quando introduziu no decreto que esperava que se começasse a estudar, com critérios e calendário claros, a próxima fase de combate à pandemia.

A ideia do Presidente não é colocar pressa no processo, pelo contrário, considera razoável que se os especialistas só antecipam uma descida consistente dos internamentos em UCI para finais de março, o melhor seria só reabrir as escolas após a Páscoa.Mas para Marcelo o que é essencial é dar alguma previsibilidade e segurança às pessoas. Ou, como disse na sua última declaração ao país, dar-lhes "esperança, porque sem esperança o dia a dia de sacrifício perde todo o sentido“.

Se António Costa tem um plano na cabeça, o Presidente ainda o desconhece e espera no encontro desta tarde ficar mais esclarecido. Sobretudo depois de ele próprio ter escrito na última renovação do estado de emergência que deveria "ser definido um plano faseado de reabertura", do ensino mas não só.