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Novo ISV dos usados importados pode dar poupanças de 2.000 euros
JORNAL DE NEGÓCIOS


A proposta de Orçamento do Estado para 2021 altera a fórmula de cálculo do Imposto Sobre Veículos (ISV)a aplicar aos automóveis usados importados da União Europeia e passa a levar em linha de conta a componente ambiental para reduzir o imposto em função do número de anos da viatura. A medida levará a uma redução do imposto suportado por estes veículos e, de acordo com simulações realizadas para o Negócios pela PwC, pode conduzir a uma poupança de perto dos dois mil euros.

Em causa, recorde-se, está um braço de ferro entre o Fisco e os importadores de carros usados da União Europeia que já levou o país ao Tribunal de Justiça, por iniciativa da Comissão Europeia. A decisão do Tribunal ainda não chegou, mas o Governo, faz agora uma alteração às regras.

Basicamente, o que se passa é que o ISV tem duas componentes, uma de cilindrada e outra da chamada componente ambiental. Porém, pela lei portuguesa atualmente em vigor, a redução em função da idade só tem reflexos na componente de cilindrada, ficando de fora na parte da componente ambiental. Isto faz o preço final disparar, por vezes, que dispara muito para cima do efetivo valor do mercado e desincentiva fortemente a importação. E, sobretudo, faz com que aos carros vindos de outros países europeus seja dado um tratamento desigual, o que viola os tratados europeus.


Agora, e de acordo com a proposta de OE, introduz-se um fator de redução de componente ambiental, que não estava previsto, em função do número de anos da viatura, o que, explica Olga Esperança, fiscalista da PwC, deverá reduzir o imposto final a suportar por quem opte por importar da União Europeia veículos em segunda mão. No caso das simulações efetuadas pela PwC, verifica-se que um Suv de gama alta, a gasolina e com 3.982 de cilindrada, o imposto a pagar fica 1.930 euros mais baixo do que com a lei atual. Nos casos de gama mais baixa a redução será menor - para um carro familiar de 1600 de cilindrada, a poupança será de 328 euros - mas a verdade é que são sobretudo os carros de gama alta em segunda mão que mais atraem os importadores.

Ao que o Negócios apurou, trata-se de uma solução de compromisso para responder ao contencioso com Bruxelas, onde a lei portuguesa é vista como discriminatória, o que levou já a Comissão a avançar com um processo por incumprimento e, depois, como Portugal nada mudou, com uma ação junto do Tribunal Europeu de Justiça. Na prática, Com esta alteração que o Governo agora propõe, não é dado um desconto igual ao que existe para cilindrada, mas o desconto é, sim, feito tendo em conta a vida útil do carro (e não tendo em conta o tempo de vida do carro). Ou seja, desta forma, Portugal assegura a tributação da componente ambiental, mas fá-lo em função do tempo de vida útil do carro e não, como acontece com a cilindrada, em função do tempo que a viatura já tem.

Em Bruxelas e nos tribunais - onde tem perdido sucessivamente as impugnações dos importadores - o Governo alega que não está em causa criar nenhum obstáculo ao regular funcionamento do mercado único, mas está sim a respeitar os compromissos ambientais assumidos pelo país, uma vez que estes carros são em regra mais poluentes.

1.930poupança
Redução no imposto para um Suv de gama alta, a gasolina e com 3.982 de cilindrada que seja importado em segunda mão.


Algumas alterações para a mobilidade
O Governo não mexeu nas taxas de ISV, IUC, ISP, mantendo no entanto o adicional para os carros poluentes.

Estado mantém incentivos aos veículos elétricos

A aquisição de veículos 100% elétricos continuará a beneficiar de um incentivo por parte do Estado, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2021. Desta forma, mantêm-se os incentivos à aquisição de automóveis, ciclomotores e bicicletas 100% elétricos, embora ainda não sejam conhecidas as regras para estes apoios, que apenas serão definidas posteriormente por despacho do ministro do Ambiente.

Mantém-se Adicional para poluentes
Tal como tem acontecido nos últimos anos, o Governo pretende manter em 2021 o adicional de IUC (Imposto Único de Circulação), mais conhecido por selo do carro, e o adicional em sede de ISP para carros mais poluentes. Na proposta orçamental prevê-se que, "em 2021, se mantém em vigor o adicional de IUC (...) aplicável sobre os veículos a gasóleo enquadráveis nas categorias A e B". E também ao nível do ISP se mantém o adicional às taxas, de 0,007 euros por cada litro no caso da gasolina e de 0,0035 euros por litro para o gasóleo rodoviário e para o gasóleo colorido e marcado.

Transportes com mais apoios para passes
O Programa de Apoio à Redução Tarifária nos transportes públicos vai contar no próximo ano com 198,6 milhões de euros. Este ano o Orçamento do Estado autorizou o Fundo Ambiental a transferir cerca de 138 milhões de euros para o programa que visa atrair mais passageiros para os transportes públicos.