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Um Estado, uma pandemia, inúmeras realidades de teletrabalho na função pública
JORNAL DE NEGÓCIOS


Inspetores do trabalho têm escalas
No início do março, quando o Governo avaliava se deveria encerrar as escolas, os inspetores do trabalho estavam em conflito laboral: o sindicato defendia que toda a atividade de atendimento passasse a ser feita por telefone (e não presencialmente), mas não conseguiu convencer a direção. Só com a declaração do estado de emergência, no dia 18, é que as orientações para os serviços passaram a ser claras. Atualmente, de acordo com Carla Cardoso, presidente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT), a ACT continua a trabalhar em escalas, pelo menos nos grandes centros, como Lisboa e Porto: uma semana no serviço, duas em casa, a não ser que as pessoas sejam chamadas para inspeções ou reuniões presenciais.

Professores trabalharam de casa
Os últimos dados oficiais indicam que existem 166 mil docentes nos diferentes níveis de ensino. "Todos estiveram em teletrabalho", pelo menos até meados de maio, altura em que algumas escolas reabriram para receber alguns alunos, e parte dos professores passaram para um regime misto, explica José Feliciano da Costa, dirigente da Fenprof. A forma de relacionamento com os alunos dependeu de escola para escola. Enquanto alguns professores preferiram a transmissão online das aulas, outros apostaram em pedidos de trabalho à distância. Agora os docentes estão de férias e o "plano A" do Governo prevê que todos regressem.

Militares estiveram em rotatividade
Confrontado com os dados do INE, que apontavam para 46% dos elementos das Forças Armadas em teletrabalho no segundo trimestre do ano, o Ministério da Defesa explicou que no pico do confinamento, para evitar baixas, os militares "trabalharam em rotatividade (ou ainda em espelho ou em bordadas), estando elegíveis para serem colocados em situação de escala/teletrabalho, revezando-se ou não, consoante as funções". E neste período, segundo descreveu, foram várias as funções assumidas pelas Forças Armadas relacionadas com a pandemia, desde o transporte de medicamentos, à repatriação de cidadãos ou à montagem de hospitais de campanha. "A rotatividade dos militares neste período permitiu assegurar que existiram sempre efetivos em condições de dar resposta a todas as situações, sendo que o número de pessoas nesse regime foi variando de semana para semana", disse fonte oficial, sem revelar dados concretos sobre o número de militares que ficaram em casa.

Na Saúde também houve exceções
No setor da saúde é indispensável o trabalho presencial, mas o trabalho à distância também foi necessário, como explica Alexandre Lourenço, presidente da Associação dos Administradores Hospitalares. "Aconteceu e continua a acontecer: muitos médicos estão a fazer consultas [telefónicas] a partir de casa. Isto permite reduzir o número de pessoas que circulam dentro dos hospitais ou centros de saúde", reduzindo o risco de contágio. O mesmo aconteceu nas áreas administrativas. As reuniões passaram muitas vezes a ser feitas por videoconferência.

Fisco à distância
Em março, cerca de 7 mil trabalhadores da Autoridade Tributária (AT) estiveram em março em teletrabalho, o equivalente a 64% do total, segundo a Lusa.