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Rent-a-car têm mais de metade dos carros parados
Dinheiro Vivo


2020 ia ser o melhor de sempre para as empresas de aluguer de automóveis em Portugal. Até a pandemia ter trocado as voltas ao setor, um dos mais afetados pela diminuição de turistas: as rent-a-car estão a encolher, depois de registarem perdas de receitas de 60%. Há milhares de carros postos à venda e postos de trabalho em risco até ao final daquele que se espera agora que se revele o pior ano de sempre, segundo a ARAC, associação que representa este setor. “A época alta de 2020 está a ser pior do que a época baixa de 2019”, assume o secretário-geral da ARAC, Joaquim Robalo de Almeida. Em meados de julho, estima-se que “estivessem alugados cerca de 45% dos carros disponíveis” a nível nacional, sobretudo para clientes empresariais, setor público, e veículos de substituição. Na região do Algarve, a taxa de ocupação é de 25%, “muito por culpa da falta de turistas britânicos”; o cenário agrava-se nos Açores e da Madeira, com quatro em cada cinco carros parados.

Considerando uma frota de 70 mil carros, “havia um total de 38 500 veículos parados”. O parque “sobredimensionado face à realidade” já obrigou as rent-a-car a uma diminuição de quase 10% da sua frota desde março. A venda de veículos no mercado particular, sobretudo em maio e junho, e a devolução de automóveis que estavam alugados às marcas foram as principais estratégias utilizadas. A falta de clientes também obrigou as empresas a “parquear dezenas de milhares de veículos”, de norte a sul do país. Descontos nos preços A estratégia de redução da frota vai prolongar-se nos próximos meses, devendo as rent-a-car terminar 2020 com um parque de 60 mil veículos, antecipa Joaquim Robalo de Almeida. No início deste ano, o cenário era bem diferente e antecipava-se uma frota de 120 mil automóveis para os meses de verão: “estava prevista a compra de 8 mil carros em março, abril e maio e de 10 mil carros em junho”, recorda. Os alugueres também estão mais baratos. Portugal foi o quinto país onde mais diminui o preço médio no mercado ocidental, de 29 para 18 euros; na região autónoma dos Açores, a baixa de preço foi ainda mais acentuada, de -44%, para um preço médio de 20 euros. É sobretudo no segmento superior que mais se nota a diminuição do aluguer de veículos, a cargo dos turistas brasileiros e norte-americanos. Com menos alugueres e menos margem de lucro, os 6500 trabalhadores diretos desta indústria também vão sofrer com esta travagem a fundo. Escalados para uma frota “de 100 a 120 mil carros, “torna-se insustentável a manutenção dos atuais postos de trabalho”, já depois de não terem sido renovados os contratos a prazo e de ter sido congelada a admissão de funcionários. Há ainda cerca de 24 mil postos de trabalho indiretos, ligados às oficinas, casas de pneus, centros de lavagens e camionistas para transporte de veículos. Também merece críticas da ARAC o fim do regime de lay-off simplificado, “que deveria manter-se até março de 2021, acompanhado de programa de apoio à qualificação” dos trabalhadores, em parceria com as escolas de turismo e o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional. Muitos eventos para salvar o ano Portugal vai receber, em agosto, a final a oito da Liga dos Campeões; em outubro, será uma das corridas do campeonato do mundo de Fórmula. Apesar de serem “provas importantes para o turismo, do qual faz parte o rent-a-car”, “são necessários muito mais eventos e um aumento da taxa de ocupação até ao resto do ano” para que as empresas “possam minorar os enormes prejuízos acumulados desde março”.