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Estudo: Emissões reais de carros a gasolina 24% acima do reportado
JORNAL DE NEGÓCIOS


As emissões de dióxido de carbono (CO2) dos automóveis a gasolina medidas em condições reais pela Emissions Analytics são, em média, 24% superiores aos valores reportados pelos fabricantes automóveis. Nos carros a gasóleo não existe uma discrepância significativa, refere a consultora.

As medições efetuadas pela Emissions Analytics revelam que a média de emissões dos automóveis a gasolina é de 185 gramas de CO2 por quilómetro, um valor 24% superior aos 151 gramas reportados pelos fabricantes automóveis com as medições já segundo o novo protocolo WLTP (Worldwide Harmonized Light-Duty Vehicles Test Procedure).
Nas viaturas diesel, no entanto, as medições da consultora são, em média, de 173 gramas de CO2, ligeiramente abaixo dos 175 gramas indicados pelas construtoras automóveis.

Ao Negócios, fonte oficial da consultora referiu que não se deve fazer um paralelo com o "dieselgate", o escândalo de manipulação de dados de emissões de CO2 por vários fabricantes automóveis. "Não estamos a sugerir que as fabricantes estão a violar as regras, mas sim que os dados oficiais podem ser enganadores em larga escala". Contudo, "uma diferença de mais de 20% entre as emissões anunciadas e as reais coloca em causa as metas para o combate às alterações climáticas e levanta dúvidas se a informação fornecida aos consumidores é ou não enganadora", salienta.

Contactada pelo Negócios, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) indicou desconhecer o estudo e optou por não comentar. "Ultimamente, têm aparecido estudos com diversas fontes, sobre este tema, com resultados diversos", acrescenta. A Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) e o Ministério do Ambiente não responderam às questões do Negócios até ao fecho da edição.

Para Francisco Ferreira, presidente da Zero, organização ambiental não governamental, "ainda é prematuro tirar conclusões sobre os dados das emissões medidas pelo WLTP". "Isto não é propriamente um ‘dieselgate’ porque não há indícios de fraude deliberada", frisa.

O responsável refere, aliás, que no seio da comissão de acompanhamento à aplicação da componente ambiental do imposto sobre veículos (ISV) criada pelo Governo a análise feita nos primeiros meses revela-se "inconclusiva".