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BCE defende aumento da idade da reforma em vez de redução das pensões
Dinheiro Vivo


O Banco Central Europeu (BCE) considera que aumentar a idade da reforma é mais positivo para compensar os efeitos do envelhecimento da população do que reduzir as pensões, segundo um artigo no boletim económico da entidade divulgado hoje. O artigo adverte que o envelhecimento da população vai ter importantes implicações macroeconómicas e fiscais para a zona euro e vai representar um desafio para que os países da região possam reduzir o seu endividamento e assegurem a sua sustentabilidade fiscal a longo prazo.

A entidade sublinha que, depois da crise financeira, muitos países levaram a cabo reformas das pensões, mas adverte que o ritmo destas desacelerou com a recuperação económica e defende que a continuação destas é “essencial” e que “não deve ser atrasada”. Mesmo assim, o BCE estima que o aumento da idade da reforma pode reduzir os efeitos macroeconómicos adversos do envelhecimento da população, graças ao seu impacto na força de trabalho e no consumo doméstico. Em contrapartida, o BCE refere que reduzir as pensões servirá de “muito pouco” para combater os efeitos indesejados, enquanto aumentar o nível da contribuição tenderá a “exacerbar” os impactos negativos. O BCE precisa que esta é uma afirmação geral sobre os efeitos macroeconómicos da reforma das pensões e que não permite tirar conclusões em relação à agenda das reformas de um país específico. O artigo indica também que o grau de envelhecimento da população vai variar consideravelmente de país para país no conjunto da zona euro. O BCE considera que os países mais envelhecidos são Alemanha, Grécia, Itália, Portugal e Finlândia. A entidade adverte que existe um “risco de complacência” em relação à reforma dos sistemas de pensão públicos nos países da zona euro e que as modificações levadas a cabo “podem não ser suficientes” para enfrentar os desafios relacionados com o envelhecimento da população. O banco também sublinha que as pressões sobre os sistemas de pensão podem ser “mais fortes do que o esperado” se, por exemplo, a evolução económica se tornar menos favorável do que estimam as projeções sobre o custo das pensões. “As reformas das pensões não são só necessárias para a sustentabilidade fiscal a longo prazo, também podem ajudar, de forma geral, a atenuar os efeitos macroeconómicos do envelhecimento da população”, sublinha o BCE.