Notícias



PME vão criar mais 70 mil empregos em Portugal
Dinheiro Vivo


As pequenas e médias empresas portuguesas vão criar 70 400 novos postos de trabalho até ao final de 2018. É um aumento de 3% no emprego. A construção irá ser um dos motores desse crescimento, à boleia das grandes obras que se anunciam, de acordo com o relatório anual sobre a performance das PME elaborado pela DG Grow, a Direção-Geral da Indústria e Empreendedorismo da Comissão Europeia, ontem apresentado em Tallinn, na Estónia.

As PME europeias, depois de três anos consecutivos de crescimento no emprego e no valor acrescentado bruto, estão já aos níveis anteriores à crise económica e financeira. Uma realidade que ainda não é transversal aos 28 Estados membros: em Portugal, apesar da recuperação, “lenta mas consistente”, o emprego nas PME está ainda 14,8% aquém de 2008. Na apresentação do estudo, Costas Andropoulos, chefe da unidade de Tecnologias da Inovação, Indústrias TIC e e-Business da Comissão Europeia, destacou a “diferença de desempenho” das PME a norte e a sul da Europa, sublinhando, no entanto, que há “notícias encorajadoras” e que 2016 marca o início de uma “nova era”, com o crescimento do emprego nas PME, fruto de uma conjuntura mais favorável, com um aumento da procura externa e pública. “Precisamos de mais três anos de crescimento para consolidar esta tendência”, defendeu. No ano passado, Portugal contava com 801 867 pequenas e médias empresas, responsáveis por 2,3 milhões de postos de trabalho e geradoras de 51,1 mil milhões de euros de valor acrescentado bruto. As grandes empresas são responsáveis por apenas 669 mil empregos, 21,9 % do total. “As PME têm um papel particularmente importante na economia portuguesa, pesam 68,5% do VAB e 78,1% do emprego. São mais de dez pontos percentuais acima da média da UE.” Pouco simpáticos são os números da produtividade das PME portuguesas, medida pelo VAB por trabalhador: 21 500 euros, metade da média da UE. A pesada fiscalidade – o número de horas de trabalho, por ano, necessárias para pagar os impostos -, o peso da burocracia do Estado, a dificuldade de acesso ao financiamento e a capacidade de internacionalização são outras áreas em que Portugal fica aquém. O relatório destaca o crescimento de 22,5% do VAB da indústria transformadora portuguesa, destacando a performance dos têxteis, vestuário e calçado, com crescimento de 27% entre 2012 e 2016. A inovação tecnológica e a automação crescente da produção “levou a um aumento da produtividade, mas também a menor procura de trabalhadores”, fazendo que o emprego nos três setores crescesse apenas 10,1%. O documento destaca ainda a construção: entre 2014 e 2016, criou mais 5,7% postos de trabalho, um crescimento “que deve acelerar mais” com o aumento do PIB e do investimento. “As startups e as scaleups são já importantes impulsionadores do crescimento económico” na Europa. Costas Andropoulos destaca “os 31 milhões de pessoas em situação de autoemprego, que correspondem a 14% do emprego total na Europa”. Mas não deixa de ser curioso que 90% das novas empresas nascem nos setores tradicionais e não nos segmentos das TIC. José Brinquete, secretário-geral da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), reconhece que há ainda “muitas lacunas” nas PME, designadamente ao nível da gestão e da organização do trabalho. Mas o grande problema – defende – é o difícil acesso ao financiamento dos bancos, que condiciona, por exemplo, a capacidade de exportação das empresas. E lamenta que as micro e as pequenas e médias empresas sejam “fortemente castigadas” a nível fiscal – dá o exemplo do PEC e do IVA de caixa -, mas também nos custos fixos, como a água e a eletricidade, e de contexto. “Todos os dias saem novas restrições ou exigências regulatórias que penalizam os negócios.”