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E SE TIVERMOS UM SEGUNDO VERÃO IGUAL A 2020?
Publituris


Em 2020, o verão sobreviveu muito na base do mercado interno, um cenário que se deve repetir no próximo verão segundo uma análise da Oxford Economics, que aponta que o verão de 2021 será “semelhante ou ligeiramente superior ao do ano passado”.
Ao contrário do final da primavera de2020, são poucos os empresários que arriscam fazer previsões sobre o comportamento que as atividades turística svão registar este ano.

Eric Drésin, secretário-geral da ECTAA – Confederação Europeia das Associações de Agentes de viagens e operadores turísticos, constata que “a principal lição dos últimos meses certamente foi aprender a olhar para o futuro com humildade”, mas adianta que espera um “reinício suave já no final de junho”. Questionado sobre a repetição de um verão como 2020, o responsável adverte que, no que diz respeito às agências de viagens e operadores turísticos, “não podem sobreviver a outro verão sem atividades”. “Mesmo que o apoio dos governos seja real,nenhuma empresa pode sobreviver até dois anos sem renovação”, avisa, deixando o alerta que “é a sobrevivência de toda a cadeia de valor do turismo que está em jogo”.

É por isso mesmo que o diretor-geral do operador turístico Viajar Tours, Álvaro Vilhena ,não quer pensar numa repetição de2020. “Apesar de tudo, durante os meses de verão foi possível alcançar algum equilíbrio, mas não foi obviamente suficiente para “salvar” o ano. O impacto de um novo 2020 seria devastador para todo o setor”, salienta, perspetivando que em 2022 já se poderá verificar uma “boa recuperação”, mas que os níveis de 2019 só deverão ser alcançados em 2024 ou 2025.

Também o responsável da rede de viagens GEA considera que o impacto para o setor das agências de viagens caso se repita um verão semelhante a 2020 será “muito negativo, colocando em causa a viabilidade de muitas agências de viagens em Portugal” e consequentemente terá um efeito negativo também para a rede. As melhores previsões de Pedro Gordon apontam para uma retoma gradual no 3º trimestre de 2021. “Temos um a expectativa de retoma das reservas a partir de maio e junho para viagens a partir do início do terceiro trimestre”, indica. Contudo, considera que os níveis pré-crise só deverão aparecer no verão do próximo ano.

Para Bernardo Castro, proprietário da Seaventy, um verão semelhante a2020 “irá obrigar a desmembrar, temporariamente ,a equipa”, lamenta, acrescentando que também a empresa ficará “numa situação em que dependerá ainda mais dos apoios do Estado, o que é uma situação extremamente instável e indesejável”.

A Vila Galé espera que o próximo verão seja melhor do que o anterior,“ ainda que também saiba que a performance ficará muito abaixo de um ano normal”. Porém, o grupo hoteleiro tem “solidez financeira para aguentar mais este ano que ainda será de alguma incerteza”, diz Gonçalo Rebelo de Almeida, que perspetiva uma retoma do mercado português apartir de maio/junho e do internacional apenas no segundo semestre. “A recuperação total não deverá acontecer antes de 2023/2024”.

Por sua vez, Miguel Velez, CEO daUnlock Hotels, descreve que “2020não foi um ano bom, mas se tiver em consideração toda a situação, foi um ano com saldo positivo e controlado”. Porém, refere que é necessário fazermelhor para não se voltar a repetircertas situações”. “O confinamento,este ano, foi antecipado pelo que aeconomia tem de começar a trabalharmais cedo e muito melhor, tendopor base o que já aprendemos”,sublinha, apontando que em abril jáse deve recomeçar lentamente e quejunho deverá ser o mês de arranquemais concreto.

Apesar da possível dinâmica domercado nacional, este não é suficientepara a maioria das empresasturísticas. Como explica HortênsioFernandes, o mercado nacional nãoimpacta muito a atividade da YellowfishTransportes, mas as previsõesapontam para uma retoma destemercado mal termine o Estado deEmergência. Quanto à repetição deum verão como 2020, o responsáveladmite que este foi “bom, tendo emconta os custos, contudo não é suficientepara sobreviver outro invernocaso não haja apoios governamentais”.

Apesar da retoma de viagens estarprevista para um futuro relativamentepróximo, a easyjet consideraque a “recuperação e o aumento donúmero de viagens que registava noinício da pandemia ainda demoraráa ser alcançado”. No entanto, e casose verifique um verão semelhante a2020, continua “com saldo positivo ecom a possibilidade de procurar umfinanciamento adicional”, adiantaJosé Lopes, que acredita que quando“as restrições governamentaisno setor da aviação e do turismo naEuropa forem mais leves, será fortementevisível o aumento da procuradas viagens”. “É muito importanteque se estabeleça um conjunto clarode medidas coordenadas e uma visibilidadede como será o futuro (emqualquer possível cenário, de melhoriaou de nova vaga) que ajude arestabelecer a confiança do público”,adverte novamente.

No entanto, há quem já se esteja apreparar para a repetição do mesmocenário do verão de 2020, como é ocaso da Portimar, que se encontra aadaptar “a estrutura e modelo de negóciopara essa realidade”. É por issoque Eduardo Caetano aponta apenaspara 2022 o ano de retoma, “com asépocas média e baixa a recuperar melhor”,mas com os turistas a continuarema evitarem grandes aglomerações.“O turismo de cidade e denegócios terá uma retoma mais tardia,pelo que, acredito que 2022 serámenos dinâmico” neste segmento.

Mais optimista está Francisco Paixãoda Turkish Airlines, que confia queo verão de 2021 “apenas poderá sermelhor”. “Tivemos mais tempo paranos adaptar, para saber o que mudare/ou melhorar consoante a procura efeedback dos nossos parceiros e passageiros.Portanto, o verão 2021 seráimportantíssimo”, antevê. O responsávelrevela-se confiante quanto aofuturo porque existe procura, “o que éessencial”. “As pessoas querem viajare estão desejosas disso e achamosque, assim que outros países comecema levantar as restrições, vai haverum aumento significativo de reservas”,destaca.

Também a Hoti Hotéis olha para “ofuturo com positivismo”, admitindo,no entanto, que “de uma forma generalizada,os grupos hoteleiros estãocom resultados muito aquém deanos anteriores”. “A nossa prioridadeserá sempre encontrar soluções quepermitam a segurança dos nossosclientes e colaboradores, de forma agerir eficientemente a nossa operaçãoe preservar a liquidez do grupo,pois não sabemos quanto tempo estaremosem situação de défice operacional”,diz Miguel Proença, queperspetiva também uma retoma apartir do segundo semestre de 2022ou em 2023.