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Híbridos plug-in vão ser as “estrelas” deste ano
Jornal de Negócios


As vendas de automóveis ligeiros de passageiros totalmente elétricos ou híbridos plug-in deverão superar pela primeira vez a fasquia de 1,9 milhões de unidades na Europa Ocidental este ano, quase duplicando os números de 2020, estima Matthias Schmidt, analista independente do setor automóvel.

A pressão acrescida sobre os fabricantes, que passam a ter de contabilizar todos os veículos para o cálculo das emissões médias de dióxido de carbono (CO2), irá acelerar a introdução de automóveis eletrificados, quer elétricos puros quer híbridos plug-in. Para Matthias Schmidt, se 2020 foi “o ano dos carros elétricos”, 2021 será “o ano dos híbridos plug-in”. Acresce que a previsível retoma das vendas face a 2020 obrigará a um maior volume de venda de veículos de baixas emissões.

Em termos de estratégia, há uma clara divisão entre as marcas que apostam mais nos veículos totalmente elétricos e as que privilegiam a tecnologia híbrida plug-in. Por norma, as marcas do segmento “premium” escolhem a via dos plug-in, como é o caso da Mercedes-Benz, BMW e Volvo, por exemplo.

O facto de serem considerados todos os automóveis vendidos para a contabilização das emissões “impacta mais as marcas ‘premium’”, diz Schmidt ao Negócios. “Estas marcas vão apresentar versões plug-in dos seus modelos maiores, mais pesados e mais lucrativos”, acrescenta. Assim, defende o analista alemão, “é muito provável que o crescimento das vendas dos plug-in seja superior ao dos elétricos puros”.

Matthias Schmidt avança mesmo com uma estimativa de que na Europa Ocidental (países da UE antes do alargamento a leste, Reino Unido, Islândia, Noruega e Suíça) as vendas de carros 100% elétricos ascenda a 1,04 milhões e que os híbridos plug-in totalizem 862 mil. Em conjunto, representariam 15,5% das vendas nestes mercados, refere o analista.

Mudança fiscal pode pesar em Portugal?

No mercado português o comportamento do segmento dos híbridos plug-in pode ser influenciado pelas alterações nos benefícios fiscais que entraram em vigor este ano e que levaram a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) a alertar que as vendas destes veículos poderiam cair até 50%. No entanto, as marcas contactadas pelo Negócios indicaram que a procura de híbridos plug-in continua elevada e que não ocorreram, como perspetivava a ACAP, cancelamentos de encomendas. O argumento é transversal a todas as marcas: os seus modelos não são afetados pelos critérios mais apertados para os benefícios fiscais.

Ao contrário do mercado europeu, em Portugal os híbridos plug-in superaram as vendas dos elétricos puros já no ano passado. Foram matriculados em 2020 11.867 híbridos plug-in, mais do dobro do que em 2019, e 7.830 elétricos puros, uma subida de 13,8%.

Janeiro confirma tendência esperada para o ano

Os dados de janeiro confirmam a evolução esperada por Matthias Schmidt: na Europa, as vendas de plug-in totalizaram 64.465 unidades, superando os 45.920 elétricos puros. Mas, ressalva, a Tesla, por norma, vende menos carros no primeiro mês de cada trimestre. Em Portugal, enquanto os híbridos viram as vendas crescer 38,7% em termos homólogos para mil unidades, os elétricos sofreram uma queda de 53%, para 413 veículos.

O que muda nas regras em 2021?
O fim da exclusão dos 5% de veículos mais poluentes é a grande mudança nas regras em 2021 para efeito das multas.

MODELOS MAIS POLUENTES INCLUÍDOS
Ao contrário do que sucedeu em 2020, este ano os fabricantes terão de incluir todos os veículos vendidos na União Europeia para efeitos de cálculo das emissões médias de dióxido de carbono (CO2). No ano passado, Bruxelas permitiu aos construtores excluírem os 5% de modelos mais poluentes para o apuramento das emissões médias. Um dos pontos mais criticados pelas organizações ambientalistas.

“SUPERCRÉDITOS” MAIS LIMITADOS
Adicionalmente, existem os chamados “supercréditos” para os veículos de baixas emissões. Este mecanismo leva a que os automóveis com emissões inferiores a 50 gramas por quilómetro tenham sido contabilizados duas vezes para efeito de cálculo das emissões médias de cada fabricante em 2020. Estes supercréditos baixam para 1,66 vezes em 2021 e para 1,33 vezes em 2022, último ano em que vigoram. Mas há um limite de 7,5 gramas para a redução no valor de emissões médias a beneficiar cada fabricante automóvel para o conjunto dos três anos. Assim, alguns grupos poderão já ter uma margem reduzida para recorrer a este mecanismo para fazer baixar as emissões médias da frota vendida.

CRÉDITOS POR INOVAÇÕES
Os fabricantes dispõem ainda de créditos por inovações tecnológicas, que podem ascender a um crédito de sete gramas por ano. Entre as inovações abrangidas contam-se o uso de luzes LED ou alternadores mais eficientes.




862
HÍBRIDOS PLUG-IN
A venda de híbridos plug-in na Europa Ocidental deve atingir as 862 mil unidades.

38,7%
SUBIDA EM JANEIRO
No mercado nacional, as vendas de híbridos plug-in cresceram 38,7% em janeiro.

15,5%
ELETRIFICADOS
Os elétricos e híbridos plug-in deverão pesar 15,5% nas vendas na Europa este ano.