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As vendas de automóveis ligeiros na União Europeia (UE) sofreram uma queda de 23,7%, para 9,9 milhões de veículos, penalizadas pelo impacto da pandemia da covid-19. Mas, paradoxalmente, a redução do mercado ajudou os fabricantes automóveis, ao exigir um volume muito menor do que o esperado de veículos de baixas emissões para cumprir os limites impostos por Bruxelas.

Na verdade, apenas dois fabricantes não conseguiram evitar superar o limite e vão, por isso, ter de pagar multas. O destaque vai para o grupo Volkswagen, líder no mercado europeu com uma quota de 26%. Também a Jaguar Land Rover (JLR) falhou as metas, mas o seu peso nas vendas é inferior a 1%.

O analista independente Matthias Schmidt refere ao Negócios que “a forte quebra no mercado automóvel facilitou a vida aos fabricantes para cumprir as metas”. “O volume de veículos de baixas emissões necessários para ficarem abaixo dos limites foi muito inferior ao que seria preciso num ano ‘normal’”, sublinha.

Nos últimos três meses do ano os fabricantes “inundaram” o mercado com híbridos plug-in e elétricos puros. No conjunto da UE, mais o Reino Unido, Islândia, Noruega e Suíça, as vendas de carros totalmente elétricos ascenderam a 327,3 mil unidades no último trimestre, o que representa 43,9% do total de veículos elétricos vendidos em 2020 e 9,6% dos automóveis matriculados no mesmo período.

Já nos híbridos plug-in, as 268,3 mil unidades vendidas no quarto trimestre são 43,3% das vendas anuais de carros com esta tecnologia e 7,9% das vendas de ligeiros de passageiros nos últimos três meses de 2020. Ou seja, os veículos eletrificados alcançaram uma quota inédita de 17,5% no último trimestre do ano passado.

O grupo Volkswagen, que inclui as marcas Volkswagen, Audi, Skoda, Porsche, Seat, Bentley, Lamborghini e Bugatti, assumiu que falhou a meta de 95 gramas por quilómetro por “cerca de 0,5 gramas”. Fonte do grupo indicou a Matthias Schmidt que a “culpa” foi de alguns problemas na produção do modelo elétrico id.3 da Volkswagen. Tendo em conta o volume de vendas, a multa em que incorre rondará os 121 milhões de euros. Se as vendas tivessem sido em linha com as de 2019, a “fatura” seria de mais de 146,5 milhões de euros.

A Jaguar Land Rover, por seu turno, terá falhado as metas por 2 gramas, o que representa uma multa de aproximadamente 40,5 milhões de euros.

Alguns fabricantes optaram pelos agrupamentos (“pools”) para cumprir as metas, tendo a Honda, por exemplo, entrado na “pool” da FCA e Tesla já nos últimos meses do ano. A Ford também se aliou com a Volvo para evitar dissabores.