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OPINIÃO| O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES NA SUSTENTABILIDADE
Publituris


*Por Cristina Siza Vieira,Vice-presidente executiva da AHP

É grande a responsabilidade do Turismo, o seu peso no PIB mundial, no emprego, no volume de empresas que direta ou indiretamente trabalham na indústria. E quanto maior é o poder, maior é a responsabilidade.

A AHP, tal como outras associações que representam setores económicos produtivos, tem como missão apoiar as empresas e criar as melhores condições para que estas desenvolvam os seus negócios, sublinhando a sua importância perante os decisores políticos, a comunidade e os parceiros de negócio.

Em que medida é que as Associações podem contribuir, por um lado, para os objetivos do acordo de Paris (de contenção do aumento da temperatura média, para o esforço global de redução de emissões e para a promoção da transição energética), e salvaguardando, em simultâneo, o crescimento económico e a criação de emprego que são a razão de ser das empresas e das associações que as representam? E, por outro lado, colaborar para a concretização da Agenda 2030 e para os seus objetivos de desenvolvimento sustentável?

Sabemos que isso implica uma profunda alteração na forma como utilizamos a energia e os recursos. Reconhecer que os modelos passados e presentes de utilização dos recursos provocaram elevados níveis de poluição, degradação ambiental e a diminuição desses recursos naturais. Significa substituir o modelo de economia linear por um modelo de economia circular. Um modelo que valoriza o território, um modelo que promove a coesão.

Mas este não é um programa para as instituições! É um caminho que exige que todos, indivíduos, empresas, organizações e governo, façamos as coisas de forma diferente.

Qual é então o nosso papel como associação de empresas?

Nós fomos por aqui: criámos um programa que começou por doar bens e equipamentos de hotelaria, usados mas em bom estado de conservação, para a economia social. De início a ideia parecia simples, que os bens e equipamentos que já não serviam para ser utilizados por turistas dado o seu grau de desgaste que já não mantinha certa aparência de “brand new” ou por estarem já um pouco ultrapassados pudessem ter uma outra vida, dar-lhes uma outra utilização. Mas esta ideia genial tornou-se mais complexa pela dimensão, e hoje exige um enorme esforço logístico, gerido pela Associação.

Ao longo dos 8 anos do Programa HOSPES muitos bens e equipamentos foram doados e com isso duplicámos a sua vida útil; eliminámos toneladas de desperdício que seriam geradas com a sua destruição; poupámos recursos, entre eles água, com a produção de novos bens e permitimos às instituições poupar muitos recursos financeiros em aquisições.

Demos um passo mais, procurámos parceiros que, mesmo quando os bens e equipamentos já estão em fim de utilização, os recolhessem e convertessem em recursos: óleos usados, papel, equipamentos elétricos, têxteis em fim de vida. Com esta recolha e eliminação também o fim de vida dos bens é sustentável.

Só através de uma acção coletiva podemos acrescentar valor e relevo à forma como cada um dos hotéis vive a sua responsabilidade social e sustentabilidade ambiental individual.

Estamos em crer que as empresas turísticas e hoteleiras assumiram um compromisso: não apenas o negócio deve ser rentável e gerar lucros, mas contribuir ativamente para a sustentabilidade do planeta e da comunidade. Cabe às Associações dar corpo e voz a esse compromisso.