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Terceira vaga "mais intensa" atrasa recuperação, prevê Leão
Dinheiro Vivo


O ministro das Finanças admite que a terceira vaga está a ser mais grave do que inicialmente esperado e isso vai ter efeitos na recuperação económica para este ano.

"A terceira vaga da pandemia está a ser mais bastante mais intensa e mais forte do que era esperado e, portanto, vai afetar as perspetivas económicas de recuperação este ano em toda a Europa", reconheceu ontem João Leão, perante os deputados da Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.

Numa audição à distância para apresentar as prioridades da presidência portuguesa da União Europeia e que teve de ser interrompida por falta de qualidade da transmissão, o ministro das Finanças defendeu que esta situação "torna mais urgente garantir que o plano de recuperação europeu e que os diferentes planos nacionais são aprovados o mais depressa possível para garantir que chegam ao terreno e a economia começa a sentir os efeitos desses planos."

João Leão acredita que os dinheiros da "bazuca" europeia vão chegar até ao verão, ou seja, ainda durante a presidência portuguesa que acaba no dia 30 de junho, mas não se comprometeu com qualquer calendário.

Manter os apoios

Mas o atraso na recuperação da economia poderá também implicar estender os atuais apoios às famílias e às empresas, nomeadamente para segurar os empregos, com medidas como o lay-off simplificado ou alívio das obrigações fiscais.

"Esta vaga está a ter um efeito tremendo sobre a economia europeia, com medidas muito restritivas sobre vários setores de atividade e, por isso mesmo, é muito importante que as medidas de apoio à economia se mantenham", acrescentando que "vamos precisar de manter estes apoios até passarmos para a fase de recuperação forte da economia europeia", afirmou João Leão.

Mas o ministro das Finanças quer que o afrouxamento das regras europeias do défice se mantenha. "É importante não retirar os estímulos cedo de mais e que a cláusula de escape se mantém em vigor enquanto não regressarmos aos níveis pré-crise, de 2019", apontou Leão.

De acordo com os tratados da União Europeia (UE), em caso de ocorrência excecional não controlável e que tenha um impacto significativo na situação das finanças públicas, ou em períodos de recessão económica grave que afete a área do euro ou toda a União, os Estados-membros podem ser autorizados a desviarem-se temporariamente da trajetória de ajustamento orçamental, desde que tal não ponha em risco a sustentabilidade orçamental a médio prazo. E foi essa cláusula geral de exclusão que a UE ativou em março do ano passado.

Agora, o ministro das Finanças, enquanto presidente do Conselho de Ministros das Finanças da UE (ECOFIN), diz que deve manter-se até que a atividade económica regresse aos níveis pré-pandemia de 2019.

«É muito importante que a política orçamental e os auxílios do Estado se mantenham como medidas excecionais que permitam a economia não sofrer de forma tão significativa o efeito desta crise», na resposta ao eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira.

Também nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, ​​​​​​​admitiu estender os apoios ao emprego ao segundo semestre "caso seja necessário".

"A recuperação da economia é uma preocupação absolutamente essencial, mas o tema mais essencial é a normalização da situação sanitária", disse o governante hoje durante a conferência digital "Retomar Portugal - Comércio Internacional", organizada pela TSF/JN.

Lembrando o caráter "temporário desta crise", Siza Vieira sublinhou que "as empresas estão mal porque não há clientes" e, por isso, "nesta altura o que o Governo quer é continuar a estender apoios que permitam às empresas aguentarem até à recuperação da procura".