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PEDRO COSTA FERREIRA TOMA POSSE PARA O MANDATO “MAIS DIFÍCIL DE SEMPRE” FOCADO NA SOBREVIVÊNCIA E NAS “INCERTEZAS” DA RETOMA
AMBITUR


A nova direção da APAVT– Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo para o triénio 2021-2023 tomou posse, ontem, numa cerimónia realizada no Hotel Dom Pedro Lisboa e que contou com a presença do presidente da ECTAA, Pawel Niewiadomski, do presidente da CTP, Francisco Calheiros, e da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques.

Pedro Costa Ferreiramantém-se como presidente da associação, para o seu quarto mandato, e durante o discurso de tomada posse não pôde deixar de frisar “a maior votação de sempre em 70 anos da história da APAVT” para a eleição da nova direção, ainda para mais num “contexto de dificuldade extrema” que tornará este mandato como “o mais difícil de sempre”.

O presidente da APAVT passou, depois, a definir “duas etapas” para este mandato: em primeiro lugar, uma etapa de “sobrevivência”relacionada com os “dois desafios maiores” da tesouraria e do momento da retoma. O problema de tesouraria prende-se, como explica, com “o pagamento de custos fixos não apenas ao longo de nove meses sem faturar, como, inevitavelmente, também nos primeiros meses do ano que agora começa” e que é agravado pelo “acrescido esforço de reembolso a clientes” e por uma “capacidade de financiamento reduzida, tanto por balanços destruídos e consequentes dificuldades de diálogo com a banca, como por dificuldade de acesso aos esquemas de recapitalização previstos”.

Já a segunda etapa diz respeito ao momento da “dificuldade e incerteza da retoma”, para a aviação, hotéis, alojamento local,rent-a-car e animação turística e restauração, que estão “juntos nas incertezas e nas dificuldades” e também na “luta por apoios governamentais”, entre os quais, “mais linhas de crédito, apoios estruturantes a fundo perdido e por um modelo de recapitalização que anteceda o fim das moratórias bancárias”, concretiza Pedro Costa Ferreira. Sobretudo, “por um sistema de apoios integrado, que seja previsível e permita o planeamento, e que não nos tire pela janela, em impostos e prestações da segurança social, o que nos entregam pela porta da frente, em apoios”.

O responsável afirma que “se é necessário e urgente travar a batalha da sobrevivência, a procura da perenidade é a espinha dorsal da agenda de todo o setor que representamos”. Já as agências de viagens devem “continuar a travar a batalha da criação de valor” ou não fosse o cliente “resultado de uma constante criação de valor, seja ela consolidada em confiança, segurança, inovação, criatividade ou outra qualquer via”.

Pedro Costa Ferreira adianta, também, que “teremos de continuar a ter a inteligência de abraçar o que nos dá vida, o turismo”, através, nomeadamente, da “sustentabilidade, comércio justo, autenticidade, mobilidade, competitividade fiscal internacional, digitalização, a conquista de mais e melhores territórios turísticos, numa lógica de coesão territorial, a difusão da criação de valor por toda a cadeia de valor, numa lógica de coesão social, todos estes temas são também temas das agências de viagens”.

Por último, a nível internacional, o presidente da APAVT defende a “necessidade de gerir uma lei europeia das viagens organizadas iníqua, desajustada, antiga e ferida da atuação de diversos lobbies europeus”, o que será trabalhado na integração da APAVT na ECTAA e num quadro de presidência portuguesa da Comissão Europeia.

Assim, resume que: “A contribuição para a criação de valor por parte do subsetor das agências de viagens, o envolvimento na construção de um destino turístico equilibrado, mas sólido, cumpridor dos desafios da sustentabilidade e competitivo, e finalmente os desafios da esfera internacional, integrarão todo o trabalho da Associação ao longo dos próximos anos.

“UMA ESTRATÉGIA PARA O TURISMO NÃO EXISTE SEM ESTRATÉGIA PARA AS AÉREAS NACIONAIS”

Durante o discurso, Pedro Costa Ferreira ainda salientou que “uma estratégia para o turismo não existe sem uma estratégia para as companhias aéreas nacionais”, na medida em que “a TAP e a SATA são necessárias a Portugal”. No caso da TAP, o responsável acrescenta “o banho de realidade a que o Governo foi sujeito, Governo que impôs na TAP o que proibiu a todas as outras empresas portuguesas, umcocktailcomposto tanto de apoios estatais como de redução de vencimentos e despedimentos. Temos naturalmente pena que o Governo, em sede própria, nas empresas em que participa, perceba que ninguém despede por prazer, mas sim para salvar outros empregos”.

A APAVT lamenta que “o diálogo político não vá mais além que a banalidade dosound bite” porque “ninguém constrói um país melhor simplesmente dividindo o valor dos apoios à TAP pelo número de portugueses, para de forma simples calcular quanto os portugueses ficarão mais pobres. Comparado com o quê?”, questiona o presidente. Como se “milhares de desempregados diretos e indiretos decorrentes de uma hipotética falência, não fossem igualmente custo dos portugueses; como se a degradação das contas externas decorrente de uma hipotética falência não gerasse nova dívida, novos juros e novos impostos para os portugueses; como se a perda de um Hub e as consequências desastrosas para o turismo não significasse menor riqueza para o país e para os portugueses”, reflete.

Terminou afirmando a “forte convicção que o momento apenas nos aponta um caminho” que é “o da mobilização total de todos os stakeholders no sentido de realizarmos um pequeno milagre, o de conseguirmos que uma TAP visível, viável e influente, consiga sair do atual processo de recuperação”.