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O que muda na compra e arrendamento de casa e no turismo
JORNAL DE NEGÓCIOS


Imóveis: Com correção dos preços e novas regras no crédito, custo com habitação pode baixar

Os preços da habitação poderão estagnar ou mesmo cair em 2021. O setor resistiu à crise e os preços continuaram a aumentar este ano, mas já há uma clara desaceleração. No terceiro trimestre, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços de venda das casas aumentaram 7,1%, a menor taxa de crescimento desde 2016.

Em 2021, poderá haver uma queda. É essa a previsão da Moody’s, que espera que os preços da habitação “caiam na maioria dos países europeus, tendo em conta a acentuada recessão económica provocada pela pandemia”. Outros esperam que haja apenas um travão na subida dos preços, já que as taxas de juro negativas e a volatilidade nas bolsas fazem com que o investimento em imobiliário continue atrativo.

O custo do financiamento também poderá ser menor. Por um lado, os contratos de crédito à habitação celebrados a partir de 1 de janeiro estarão sujeitos a novas regras, que impedem que os bancos cobrem quaisquer comissões sobre várias operações associadas aos contratos de crédito.

Por outro, a necessidade de atrair novos clientes tem levado a banca a baixar os juros. Em novembro, de acordo com o INE, a taxa de juro média dos novos contratos de crédito à habitação era de 0,918%. Já o “spread” mínimo cobrado no crédito à habitação é hoje, em média, de 1,11%. Os analistas veem margem para nova queda, tendo em conta que os próprios bancos estão a financiar-se a um custo menor.

Também no arrendamento deverá haver uma redução dos custos. Quanto aos contratos de arrendamento já celebrados, as rendas ficarão congeladas em 2021, considerando o coeficiente de atualização de arrendamento definido pelo INE.

Quanto aos novos contratos, a expectativa é que haja uma redução das rendas, ainda que a tendência possa ser pouco duradoura. No segundo trimestre deste ano, último período para o qual existem dados oficiais, o cenário já foi de quase estagnação, com o valor das rendas dos novos contratos a aumentar apenas 0,2%.

Mas as imobiliárias já apontam para uma queda. Os dados da Casafari mostram que, este ano, houve uma diminuição do número de casas colocadas em alojamento local, o que levou a um aumento de 45% da oferta de casas para arrendar. Esse aumento, por sua vez, resultou numa redução das rendas entre 5% e 10%, dependendo das regiões.

A transformação de alojamentos locais em casas não deverá, contudo, ser definitiva. Com o início da recuperação do turismo, que as associações do setor têm previsto para o segundo semestre de 2021, também o alojamento local deverá voltar, levando a uma diminuição da oferta de arrendamento e ao consequente aumento das rendas.

Num ano de quebras históricas, marcado por meses de receita zero devido ao confinamento a que a pandemia obrigou, os operadores de turismo, das companhias aéreas à hotelaria, viram-se obrigados a reduzir preços para atrair turistas. A incerteza sobre o setor ainda é muita, mas, pelo menos até se assistir a uma recuperação mais sustentada, a tendência será para que os preços se mantenham abaixo daqueles que foram praticados nos últimos anos.

Em Portugal, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço médio do alojamento turístico diminuiu quase 13% no acumulado de janeiro a outubro, face a igual período do ano passado, fixando-se em 79,8 euros por noite. E são vários os grupos ou unidades hoteleiras que já lançaram campanhas para o próximo ano, pelo que esta tendência de descida deverá manter-se, pelo menos, durante o primeiro semestre de 2021.

É a partir de junho do próximo ano que as associações do setor esperam que a recuperação se inicie e, assim, nessa altura, os preços poderão voltar a aumentar.

O cenário é idêntico no setor da aviação. De acordo com o mais recente relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), no terceiro trimestre deste ano, as receitas com passageiros caíram 81% face ao mesmo período do ano passado, uma redução que é mais acentuada do que a queda da procura, “uma vez que as companhias aéreas tentaram estimular a procura baixando preços”.