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“OS GOVERNOS TÊM DE SE RESPONSABILIZAR PELA RECUPERAÇÃO DO TURISMO INVESTINDO EM TECNOLOGIA”
AMBITUR


Silicon Valley Web Conference (SVWC), promovida pela StartSe e co-organizada pela Nova SBE, termina hoje e a Ambitur.pt assistiu a algumas das suas “jornadas imersivas” de conteúdos – sobre inovação, tecnologia e transformação digital – dedicados a diversos setores, entre os quais o turismo. Um dos eventos, do passado dia 21 de outubro, foi dedicado ao tema: “Desbloquear a inovação tecnológica na indústria do Turismo“.

“A arrogância do sucesso é pensar que o que foi feito ontem será suficiente para o amanhã”

Aopen innovation, que alia as empresas e startups, é “uma grande oportunidade” segundo Itai Green (na foto principal), CEO da Innovate Israele um dos maiores especialistas internacionais de inovação em turismo. O orador afirma que o seu país tem feito um grande trabalho, em termos de apoiar a inovação tecnológica, criando para isso aitts– Israel TravelTech Startups, comunidade que reúne mais de 300 startups de todo o mundo.

Itai Green cita que “a arrogância do sucesso é pensar que o que foi feito ontem será suficiente para o amanhã”. Acreditando que esse é “o maior problema da empresas”, que se continuarem assim desaparecem, como a Nokia, o orador defende que “a condição para as empresas do setor das viagens serem bem-sucedidas é terem um profundo entendimento de que não sabem tudo” e aquelas que não perceberem isso “vão morrer”.

A Covid-19 é uma “grande oportunidade para a tecnologia das viagens” pois “obriga a que as empresas tenham de agir rápido”. Oday afterda pandemia será, na sua opinião, um “processo” com ritmo e nuances diferentes de país para país. Mas o certo é que “toda a gente está a mudar para o online” e tanto os colaboradores como os clientes da indústria “estão habituados a fazer tudo sozinhos”, desde a reserva ao check-in, e otouchlessserá cada vez mais importante. Além disso, os viajantes não querem cancelamentos mas antes “flexibilidade”.

Outro exemplo é que “os viajantes não vão entrar em nenhum local que não considerem ser uma zonaCovid Free” e Itai Green questiona: “Como podem os aeroportos oferecer essa nova sensação de segurança sem a tecnologia?”. Todavia, “o espaço aéreo e as viagens têm de ter ajuda governamental ou será difícil” comenta.

Para si, “tudo está a voltar, lentamente, ao normal e a começar pelo turismo doméstico”, que pode ser outra oportunidade. Este é então um “ótimo momento para avançar com soluções criativas, repensar processos e executá-los rápido” com a ajuda das startups, até porque é mais barato do que desenvolver internamente, sendo que muitas a trabalhar para o setor da Defesa migram agora para o turismo, avança o especialista.

Em suma, aopen innovationcoloca empresas e startups a “partilhar conhecimento” e esta é, sem dúvidas, para o orador, uma “situaçãowin-win“. Com mais tecnologia, e líderes formados na indústria, as empresas tornam-se “mais flexíveis para lidar com a crise”. Itai Green termina refletindo que “os governos têm de tomar responsabilidade pela recuperação da indústria do turismo e um dos elementos para tal é a tecnologia” pois “há que preparar estrategicamente o futuro”.

“No turismo existe uma necessidade incrível de adaptação”

Filipe Ávila da Costa

“A inovação é crítica nestes momentos”, assegura Filipe Ávila da Costa, cofundador da Infraspeak, que gere o backoffice e as operações técnicas de cerca de 250 hotéis, além de aeroportos e agências de viagens, entre os quais, em Portugal, o Sheraton, Hilton, Savoy, InterContinental, Dom Pedro, Vila Galé e PortoBay.

O responsável atenta que “temos visto o turismo a adaptar-se muito ao conceito de pandemia” recordando o projeto Tech4Covid que juntou “startups portuguesas para criar soluções tecnológicas para combater a Covid-19” e que resultou em projetos como oRooms Against Covid, que permitiu alojar mais de 1.000 profissionais de saúde em hotéis e que agora se realiza também no Brasil, e o Preserve que atribuiu vouchers de utilização futura em restauração e outros setores permitindo “avançar” com 75 mil euros para essas empresas. Também o Place Check Up atribuiu 30 recomendações para mitigar o risco de contágio nos diferentes estabelecimentos, culminando na atribuição de um selo de segurança.

Além disso, nota-se no setor uma “necessidade incrível de adaptação”, nomeadamente dos hotéis para outros serviços através de “inovações mais disruptivas”, como o check-in remoto, serviço de quarto robotizado e “transformar pisos em escritórios para empresas”, enumera Filipe Ávila.

“A Covid-19 está a acelerar a tecnologia”

Raj Singh

A JetBlue Airways é a sexta maior companhia aérea americana a operar 70% de mercado doméstico com 45 milhões de passageiros por ano, e decidiu “investir em startups de turismo e hospitalidade”, através de uma corporate venture (CVC), como refere Raj Singh, managing diretor investments da JetBlue technology ventures. O objetivo é “trazer a humanidade de volta para as viagens visto que, nos últimos 30 anos, viajar tornou-se mais sobre quantas pessoas consigo meter num avião pelo melhor preço”, argumenta.

Também porque existem muitas startups, sobretudo na indústria das viagens porque estas se “fazem à volta de todo o mundo”. Na perspetiva de Raj Singh, “a Covid-19 está a acelerar a tecnologia”, nomeadamente no que respeita às tecnologias touchless que permitem “eliminar pontos de toque durante a jornada do viajante”, à sustentabilidade para que os “aviões emitam menos emissões”, alcançar “experiências personalizadas” e no sentido de proporcionar uma “identidade digital” aos viajantes com passaportes e cartões de embarque online.

Questionado sobre se será boa política continuar a investir em empresas no setor das viagens, o responsável adianta que “a longo prazo continuará a ser uma tendência” mas recomenda a curto prazo apenas fazê-lo “se não for preciso dinheiro externo nos primeiros dois anos” e se se obtiver resposta para a questão “como as viagens vão mudar por causa da Covid-19?”.

“Responder aos desafios de um futuro que chegou mais cedo”

Sérgio Guerreiro

Este painel serviu de ‘palco’ ao lançamento do Xponential Business Administration(XBA), o primeiro produto que surge da parceria entre a StartSe e a Nova SBE, que consiste numa “formação de executivos essencial para um mundo em disrupção”, como as entidades a apresentam. Sérgio Guerreiro, senior director do Turismo de Portugal e diretor executivo do Westmont Institute of Tourism and Hospitality na Nova SBE, explica que, cada vez mais, “os grandes líderes procuram soluções de aprendizagem que sejam ágeis, flexíveis e que respondam aos desafios de um futuro que chegou mais rápido do que estávamos à espera”. As inscrições estão abertas e o XBA inicia-se a 15 de março de 2021.