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A CRIAÇÃO PELO GOVERNO DO APOIO À RETOMA PROGRESSIVA “NÃO REGISTOU GRANDE ADESÃO POR PARTE DAS EMPRESAS REPRESENTADAS PELA ARAC”
AMBITUR


Em mais uma aproximação às associações do setor do turismo, Ambitur.pt esteve à conversa com Joaquim Robalo de Almeida, secretário-geral da ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor. O dirigente recorda que, desde o início, o Governo procurou combater o problema criado pela pandemia da Covid-19, com apoios às empresas numa primeira fase, que se esperava que tivesse a duração de cerca de três meses. “Estamos convictos de que, numa primeira fase, foram tomadas as medidas certas no tempo certo, destinada a fazer face a um período de pandemia cuja duração se estimava inicialmente que tivesse uma duração de cerca de três meses, após o qual a economia entraria em recuperação, o que infelizmente não se veio a verificar”, explica.

Hoje, sete meses após o início da pandemia, o responsável não hesita em admitir que “grande parte do tecido económico nacional se encontra muito debilitado”, e a manter-se a atual situação, poderá evoluir para situações de lay-off, insolvências e um aumento exponencial do desemprego, “caso não sejam tomadas rapidamente medidas certeiras de apoio às empresas, o que em nosso entender tardam em chegar”.

Se é verdade que o lay-off simplificado, publicado no final de março, foi um “poderoso apoio às empresas”, Joaquim Robalo de Almeida diz que a criação pelo Governo do Apoio à Retoma Progressiva “não registou grande adesão por parte das empresas representadas pela ARAC”, até porque “tal retoma não aconteceu ou é manifestamente insuficiente para colocar as empresas novamente num nível de atividade que lhes permita sobreviverem com o reduzido mercado existente”. E indica que a associação que dirige sempre transmitiu que este segundo quadro de apoio às empresas e à manutenção de postos de trabalho “não se adequa à situação que as empresas atravessam”, pelo que solicitou sempre a continuação do lay-off simplificado “o que, apesar das melhorias introduzidas no quadro de apoio em vigor, e do qual ainda não conhecemos a versão final do diploma, continua a não satisfazer as necessidades das empresas de rent-a-car”.

Quanto às linhas de crédito disponibilizadas pelo Governo e pelo Turismo de Portugal, o dirigente associativo alega que contam com “uma carga burocrática e administrativa elevada” e que, por outro lado, têm “uma aplicação muito restritiva, uma vez que só abrangem uma parte do universo das empresas associadas da ARAC”.

Já no que diz respeito à devolução de parte do IVA pago nos consumos feitos no turismo, “entendemos ser uma medida positiva de estímulo ao consumo interno”. Por sua vez, o setor aguarda também pelos “tão falados apoios comunitários que compõem a poderosa «Bazuca Europeia», parte dos quais deverão ser a «fundo perdido» e destinados também, em parte, à resiliência empresarial”. refere Joaquim Robalo de Almeida.

No fundo, aponta, “a atividade de rent-a-car e o Turismo em geral esperam a chegada de apoios musculados concretizados em apoios à tesouraria, apoios em sede fiscal, nomeadamente em sede de moratórias, e reitera-se o já comunicado no que respeita ao apoio em sede laboral de uma grande importância para que as empresas se mantenham «vivas» e mantenham os postos de trabalho”.

O secretário-geral da ARAC queixa-se de que o setor de rent-a-car nem sempre tem recebido o “devido apoio que necessita e merece, nomeadamente em sede fiscal”. E defende que as moratórias fiscais se prolonguem no tempo e sejam mais robustas, atendendo às especificidades dos vários setores económicos. E lembra: “no caso do rent-a-car, apesar das insistentes démarches efetuadas junto de vários governantes, continua esta atividade económica a não ter qualquer tipo de moratória no que respeita ao pagamento de um dos principais impostos que afeta as suas contabilidades – o IUC – Imposto Único de Circulação”.

Sem sinais de retoma
Joaquim Robalo de Almeida acredita que “o verão de 2020 ficará nos anais da história do rent-a-car português como o pior ano de sempre”. Apesar de a partir de junho o país ter começado a receber algum turismo internacional, embora “em número muito reduzido”, sobretudo de França, Alemanha, Holanda e Espanha, a verdade é que as quarentenas e restrições relacionadas com o mercado britânico “amputaram a atividade de rent-a-car, e o turismo em geral, deste importantíssimo cliente durante quase todo o verão”. E a ARAC não vislumbra sinais de retoma nos tempos mais próximos.

Já a nível nacional, a associação fala em quebras de atividade entre os 50% e os 60%, tendo em atenção a frota que se estimava para este verão, que deveria ascender às 120.000 viaturas. Para minimizar o impacto desta enorme quebra da procura, as empresas de rent-a-car reduziram a sua frota em cerca de 45% face ao ano anterior, sendo que neste momento, o setor em Portugal está a operar com cerca de 65.000 veículos ligeiros de passageiros e oito mil ligeiros de mercadorias.

A taxa de ocupação média a nível nacional, no que respeita aos veículos ligeiros de passageiros, é neste momento de cerca de 50%, mas com uma redução do número de viaturas de 45% face ao ano anterior.

A ARAC admite que os meses de verão registaram em matéria de turismo “avultadas quebras” mas não tem ainda elementos definitivos.

Com o mês de outubro já a meio, Joaquim Robalo de Almeida antevê tempos difíceis até ao próximo ano, e mesmo durante 2021. E explica que a atividade de rent-a-car na sua vertente turística, que representa cerca de 60% do negócio, depende de vários fatores como a situação sanitária registada nos vários países responsáveis pela procura do nosso país como destino de férias, o comportamento da aviação, o poder de compra e o grau de confiança dos cidadãos.

A incógnita sobre para quando o fim da crise mantém-se, pois, mas o dirigente associativo não nega que “2020 fica na história do rent-a-car como o pior ano de sempre”.