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Pandemia tira mais de 80% dos carros à Via do Infante
JORNAL DE NEGÓCIOS


A Via do Infante (A22) foi a autoestrada portuguesa que mais tráfego perdeu no segundo trimestre deste ano, tendo só em abril, mês em que o país esteve em estado de emergência, registado uma queda na circulação média diária de 81%, face ao período homólogo.

De acordo com o mais recente relatório de tráfego da rede nacional de autoestradas divulgado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), em abril passaram por dia, em termos de média ponderada, pelo conjunto das concessões rodoviárias menos 67,3% viaturas do que no mesmo mês de 2019. Ou seja, as medidas tomadas pelo Governo para travar a propagação do novo coronavírus levaram a que, por dia, tivessem circulado nessas vias pouco mais de 6 mil veículos, menos cerca de 13 mil do que em abril do ano passado.

Já em maio, altura em que passou a estar em vigor o estado de calamidade, a quebra homóloga foi de 44,6%, enquanto em junho, quando se iniciou a terceira fase do plano de levantamento gradual de restrições, o recuo foi de 24,5%.

Em todos estes meses a concessão do Algarve foi a que mais viu cair o tráfego. Depois de uma redução da circulação automóvel de 81% em abril, a Via do Infante registou em maio um decréscimo de quase 66% e em junho de 49,7%, valor que é o dobro da queda média do conjunto das concessões.

De acordo com os dados do IMT, a Brisa foi a segunda concessionária que mais tráfego perdeu no primeiro mês completo em que vigoraram restrições à circulação dos portugueses, registando uma queda de 70,7%. Na autoestrada do Norte (A1), a diminuição foi de 70,2%, na do Sul (A2) de 73,4% e na de Cascais de (A5) de 69,3%, o que nesta via equivale a menos 62 mil veículos por dia do que em abril do ano passado.

Ainda na região de Lisboa, a Lusoponte, concessionária das duas travessias do Tejo, registou uma queda de 65,4% na circulação média diária. No caso da ponte 25 de Abril o tráfego caiu dos quase 136 mil veículos por dia, registados em abril de 2019, para menos de 50 mil no mesmo mês deste ano. Na Vasco da Gama, a dimensão da descida foi ainda maior, passando de 65,5 mil veículos no ano passado para 21,7 mil agora.

As principais vias do Interior também não escaparam a fortes quedas do tráfego durante o mês do confinamento. No caso da concessão da Beira Interior (A23), o decréscimo da circulação média diária chegou aos 70,2%, enquanto a autoestrada do Interior Norte registou, por dia, apenas 1.500 veículos, o que equivale a um recuo de quase 69% face ao período homólogo do ano passado.

Já a Infraestruturas de Portugal (IP) foi, segundo o relatório do segundo trimestre, das concessionárias que menos tráfego perdeu, tendo a descida sido de cerca de 60% em abril.

Queda atenua em junho

Segundo os dados do IMT, o mês de junho, apesar de continuar a ser de queda de tráfego em termos homólogos, registou descidas menores na circulação rodoviária diária. Nesse mês, em termos de média ponderada, circularam no conjunto das concessões rodoviárias mais de 15 mil veículos, o que reflete uma redução de cerca de 5 mil face ao mesmo mês do ano passado.

Além da Via do Infante, também a Brisa continuou a registar um decréscimo superior à média, superando os 27%. Já as concessões da Costa da Prata e Douro Litoral foram as que apresentaram a menor descida em termos homólogos, em torno dos 16%.

O ano de 2020 tinha começado por ser de crescimento para as autoestradas nacionais, que viram o tráfego subir mais de 3% nos dois primeiros meses, segundo o IMT. No entanto, em março deu-se um recuo de 37,4%, com a última quinzena do mês a penalizar os dados globais. Já de acordo com a Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagens (APCAP), no primeiro trimestre deste ano a quebra no tráfego na rede das suas 24 associadas foi de 11%, agravando-se para 46% no segundo trimestre, naquele que foi “o pior registo” de tráfego médio diário desde que há estatísticas deste indicador, ou seja, desde 2006.