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Em 100 dias de pandemia perderam-se 8 mil milhões de euros em compras com cartões
Observador


Nos primeiros 100 dias de pandemia foram feitas menos 200 milhões de transações com cartões, o que equivale a oito mil milhões de euros de transações perdidas, com as compras a focarem-se nos bens essenciais, indicam dados da SIBS.

“Apesar de em junho se observar transacionalidade próxima dos valores pré-pandemia, estima-se que o consumo global está ainda 25% abaixo do esperado em junho de 2020”, refere a SIBS em comunicado, assinalando que esta situação aponta para “uma estimativa de transações perdidas no período de pandemia (março a junho) de 8 mil milhões de euros, equivalente a cerca de 200 milhões de transações”.

De acordo com os dados da plataforma SIBS Analytics, os primeiros 100 dias desde a declaração do estado de emergência revelam que nesse período 60% dos consumidores reduziram de forma drástica as compras com cartão, havendo apenas um grupo reduzido, de 10%, que manteve o mesmo ritmo de compras.

Ao longo deste período, e por comparação com o comportamento antes da pandemia, registaram-se também algumas mudanças na forma de comprar e de pagar, com a utilização e o peso do serviço MB Way a atingir valores recordes.

Segundo a SIBS, o serviço do MB Way duplicou o volume de transações face ao início do ano.

O período de confinamento gerou uma quebra de cerca de 50% das compras físicas face aos meses pré-Covid de janeiro e fevereiro. Nas comprasonline,a diminuição foi menos expressiva, de apenas 17%, pelo que estas assumiram um peso maior no total de transações realizadas”, refere o comunicado.

O peso doe-commerce(comércio eletrónico) no total das compras rondava os 9% antes da pandemia, tendo aumentado para 14% durante a fase do confinamento, para se situar nos 11% atualmente.

Apesar do crescimento do canal digital, os números não são suficientes para compensar a quebra do consumo global que afetou e continua a afetar de forma diferente os vários setores e produtos.

O valor médio por transação nas compras físicas registou várias oscilações neste período, tendo aumentado de 34,7 euros nos dois primeiros meses do ano para 36,7 euros no início de março e até ao estado de emergência.

Entre 18 de março e 3 de maio, o valor avançou para os 39,3 euros, tendo descido ligeiramente após o estado de emergência (37,8 euros).

Nas compras exclusivamenteonline,o valor médio por transação aumentou dos 35,1 euros na fase imediatamente anterior ao estado de emergência mas já em contexto de pandemia, para os 39,8 euros em maio e junho.

A análise da plataforma SIBS Analytics ao consumo em loja por setor de atividade revela que as lojas e o comércio de proximidade foram os únicos a contrariar a tendência geral de quebra do consumo, tendo até registado um número de transações ao longo da pandemia superior ao verificado no início do ano.

Já os setores dos super e hipermercados, gasolineiras/matérias-primas e farmácias e parafarmácias “mostraram-se resilientes ao longo do período em análise”, mas “com alguma quebra no volume de transações durante o período de confinamento, mas com uma recuperação muito rápida na fase de retorno gradual”.

Entre os setores mais vulneráveis estão a restauração, alojamento turístico, transporte de passageiros, moda e acessórios, que depois de uma forte travagem durante o confinamento observam agora uma recuperação gradual.

No turismo, os dados dão conta de um regresso gradual ao turismo interno, com os hotéis e restaurantes a 60% dos volumes do início do ano.

“Já as agências de viagem parecem evidenciar a falta de interesse no turismo fora de Portugal, com manutenção da atividade nula mesmo após o fim do confinamento”, indica a SIBS.

No que diz respeito às comprasonline,a análise por setor de atividade revela “que os crescimentos mais significativos foram registados em alguns dos setores mais afetados pelo fecho dos estabelecimentos físicos”.

Desta forma, a moda e acessórios e a restauração registaram um crescimento significativo face aos meses pré-pandemia na média diária de transaçõesonline,tal como os setores da cultura, entretenimento e subscrições e do comércio alimentar e retalho.

Ainda assim, “este crescimento foi sobretudo baseado no desvio do consumo em loja para o digital, apesar de o aumento noe-commercenão ter sido suficiente para compensar a diminuição de transações físicas”, assinala a SIBS.

Os dados da SIBS também dão conta de fortes quebras ao nível do volume de compras internacionais, isto é, de estrangeiros em Portugal e portugueses no estrangeiro, em loja.

“Durante a fase de confinamento, a redução da média diária de compras físicas de estrangeiros foi equivalente a 83% face à média anterior ao primeiro caso registado em Portugal”, assinala a SIBS.

A ligeira recuperação registada na fase de desconfinamento está ainda 72% abaixo da média registada no pré-pandemia.

Também as compras com cartões portugueses no estrangeiro diminuíram 65% durante a fase de confinamento, recuperando ligeiramente na fase de reabertura da economia, apesar de ainda ser registada uma quebra de 53% em comparação com a média de janeiro e fevereiro.