Notícias



Coronavírus: Empresas ficam a pagar 30% do ordenado dos trabalhadores enviados para casa em lay-off
Jornal Económico sapo


As empresas vão ficar a pagar 30% do ordenado dos trabalhadores enviados para casa em regime delay-off, com a maior fatia do ordenado (70%) neste regime a ficar a cargo da Segurança Social.

Esta é uma das medidas anunciadas pelo Governo na segunda-feira, 9 de março, pelo Governo para apoiar as empresas para tentar mitigar os impactos negativos do surto de coronavírus na economia portuguesa.

“Será aprovado um regime delay-off simplificado para empresas que vejam a sua atividade severamente afetada devido a epidemia, por via do qual os trabalhadores terão a garantia de retribuições ilíquidas equivalentes a 2/3 do salário, até 1.905 euros, sendo 30% suportado pelo empregador e 70% pela segurança social, até um máximo de seis meses”, pode-se ler no comunicado conjunto divulgado pelo ministério do Trabalho e da Segurança Social e o ministério da Economia.

As empresas só poderão avançar para olay-offde trabalhadores ser houver uma “quebra de vendas significativa, excecional, em que tenha havido uma quebra nos últimos três meses comparado com o período homólogo de 40%”, explicou a ministra do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, na segunda-feira.

Simultaneamente, também será criado um regime de lay-off com formação. “Neste contexto, os trabalhadores em lay-off poderão beneficiar de ações de formação, com bolsa de 30% do Indexante de Apoio Social (IAS) de 131,64 euros, metade para o trabalhador e metade para o empregador), suportada pelo IEFP”, segundo o comunicado.

Entre as medidas previstas para as empresas, está também uma linha de crédito no valor de 200 milhões de euros para apoiar a “tesouraria das empresas. Esta linha destina-se a micro, pequenas e médias empresas, tem a comissão de garantia totalmente bonificada, e estará disponível a partir do próximo dia 12” de março.

A nível fiscal, existem vários adiamentos de prazos para cumprir obrigações fiscais. “Serão prorrogados o prazo de pagamento do primeiro pagamento especial por conta de 30 de março para 30 de junho; da entrega do Modelo 22 do IRC para 31 de julho; e do primeiro pagamento por conta do IRC de 31 de julho para 31 de agosto”.

Ao mesmo tempo o Governo anunciou que “vai isentar de contribuições sociais as entidades empregadoras em lay-off ou encerramento determinado pela autoridade de saúde, bem como no período de um mês após a retoma de atividade”.

Entre estas isenções, encontra-se a isenção do pagamento da Taxa Social Única (TSU), uma taxa paga pelas entidades empregadoras à Segurança Social pelos seus trabalhadores. “Relativamente às situações em que haja lay-off, prevemos a possibilidade extraordinária de durante este período as entidades empregadoras ficarem isentas de TSU, para dar este apoio para a manutenção de emprego, um instrumento que lhe permita manter a sua atividade e os postos de trabalho, essa é a grande preocupação”, anunciou Ana Mendes Godinho.

Na reunião da concertação social que teve lugar na segunda-feira, o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal identificou alguns setores que “começam a ter problemas nas suas cadeias de abastecimento, nomeadamente no têxtil, algum setor automóvel, calçado. Há inclusivamente uma fábrica de calçado que teve que encerrar portas para quarentena, começamos a ter efeitos. Há os efeitos do turismo, temos um conjunto de setores que já começam a ser prejudicados”, disse António Saraiva.

Segundo o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, “algumas destas medidas podem ser executadas de imediato, bastam apenas determinações administrativas, outras carecerão de alterações legislativas. O Governo prepara-se desde logo para já no próximo Conselho de Ministros aprovar um conjunto de medidas que permitem viabilizar estas iniciativas”, afirmou o governante à saída da reunião de concertação social.

Medidas para reforçar a tesouraria das empresas

1 – Alargamento de 100 para 200 milhões de euros do montante da Linha de Crédito para apoio à tesouraria das empresas. Esta linha destina-se a micro, pequenas e médias empresas, tem a comissão de garantia totalmente bonificada, e estará disponível a partir do próximo dia 12.

2 – O pagamento dos incentivos no quadro do Portugal 2020 será efetuado no mais curto espaço de tempo possível, a título de adiantamento, se tal se mostrar necessário.

3 – Moratória de 12 meses na amortização de subsídios reembolsáveis no quadro do QREN e do PT2020, que se vençam até 30 de setembro de 2020.

4 – As despesas suportadas com a participação em eventos internacionais anulados continuarão a ser elegíveis no quadro dos sistemas de incentivos.

5 – Paralelamente, o Governo avaliará, após o controlo da epidemia, o impacte da mesma sobre a capacidade de concretização de objetivos contratualizados, no âmbito dos sistemas de incentivos, para efeitos de eventual ajuste dos mesmos. Desde já, fica estabelecido que não são considerados incumprimentos a falta de concretização de ações ou metas devido à epidemia.

6 – Serão prorrogados o prazo de pagamento do primeiro pagamento especial por conta de 30 de março para 30 de junho; da entrega do Modelo 22 do IRC para 31 de julho; e do primeiro pagamento por conta do IRC de 31 de julho para 31 de agosto.

7 – O Governo envidará esforços – e recomendará às demais entidades públicas – para serem acelerados todos os pagamentos.

8 – Serão reforçados os gabinetes do IAPMEI, do IEFP e da Segurança Social, do Ministério da Agricultura e do Turismo de Portugal para prestação de esclarecimentos às empresas sobre os apoios disponíveis.

9 – O Governo encontra-se também a avaliar medidas de apoio ao relançamento da atividade, designadamente no âmbito do apoio à promoção externa.

Medidas no âmbito do Trabalho e Segurança Social:

1 – Foi equiparado o confinamento temporário dos trabalhadores, determinado por autoridade de saúde, a doença contagiosa com internamento hospitalar, conferindo assim o direito a baixa com pagamento de remuneração a 100%, desde o primeiro dia;

2 – Será aprovado um regime de lay-off simplificado para empresas que vejam a sua atividade severamente afetada devido a epidemia, por via do qual os trabalhadores terão a garantia de retribuições ilíquidas equivalentes a 2/3 do salário, até 1.905 euros, sendo 30% suportado pelo empregador e 70% pela segurança social, até um máximo de seis meses. Também será criado um regime de lay-off com formação. Neste contexto, os trabalhadores em lay-off poderão beneficiar de ações de formação, com bolsa de 30% do Indexante de Apoio Social (IAS) de 131,64 euros, metade para o trabalhador e metade para o empregador), suportada pelo IEFP;

3 – Será lançado um plano extraordinário de formação e qualificação, que inclui o pagamento de um apoio às empresas equivalente a 50% da remuneração do trabalhador até ao limite da RMMG, suportada pelo IEFP (tal como o próprio custo da formação) para empresas com atividade afetada pela epidemia.

4 – Após o termo do lay-off ou do encerramento de estabelecimento pela autoridade de saúde, existirá um apoio extraordinário para manutenção dos postos de trabalho em que os salários do primeiro mês serão apoiados pelo IEFP, com um apoio por trabalhador equivalente a 1 RMMG.

5 – O Governo vai isentar de contribuições sociais as entidades empregadoras em lay-off ou encerramento determinado pela autoridade de saúde, bem como no período de um mês após a retoma de atividade.