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“AS RENT-A-CAR VÃO CAMINHAR PARA SER EMPRESAS DE MOBILIDADE”
PUBLITURIS


Como correu o ano de 2019 para a SIXT, nomeadamente ao nível do segmento turístico?
O turismo é uma parte muito importante da nossa faturação, deverá rondar os 50%, tem um peso muito significativo e o ano de 2019 correu de acordo com aquilo que tínhamos previsto, alinhado com o crescimento do turismo. Ou seja, não temos um crescimento brutal de vendas, mas está de acordo com as nossas expetativas.
A maior procura incidiu nos segmentos mais baixos, o chamado segmento económico e mini. Foi nestas viaturas que se notou maior procura, assim como no segmento seguinte, os compactos. É aqui que está o nosso grosso de vendas, com uma percentagem muito significativa.

Algumas empresas do setor têm-se queixado que existe mais procura, mas a rentabilidade está a cair, devido à maior procura por esses segmentos económicos. Na SIXT Portugal, esta realidade também se notou ou, como dizia, os compactos compensaram a procura pelos económicos?
Também notamos um bocadinho essa tendência. Muitos dos turistas que estão a vir para Portugal – e este ano isso foi claríssimo – chegam em companhias low cost e o que procuram são segmentos económicos. Alguns procuram os compactos, mas o grosso da procura está nesses segmentos mais baixos, daí que os preços também estejam mais competitivos e, de facto, os valores de rentabilidade sejam menores. Na SIXT, notamos que a rentabilidade vem desses segmentos.

E quais são as expetativas para 2020, tendo em conta que o turismo tem vindo a registar algum abrandamento. Na SIXT Portugal, também existe esta perspetiva de abrandamento?
Para 2020 esperamos um crescimento moderado do turismo, porque, de facto, a procura já não cresce ao ritmo que crescia há um ano ou dois. Estamos a notar um abrandamento desse crescimento, não é ainda uma estagnação, mas há, realmente, um abrandamento.
Apesar disso, nota-se que o turismo está a crescer fora dos grandes centros urbanos, os turistas já não querem descobrir apenas o Porto e Lisboa, também querem visitar outras cidades e, por isso, há muito mais turismo em Braga, Guimarães, Aveiro e mesmo no Alentejo. Por isso, penso que, nos próximos anos, vamos ver um crescimento mais acentuado fora das grandes cidades e dos grandes destinos turísticos. E Portugal tem uma coisa que é muito importante e que ajuda a esse crescimento: a segurança. As pessoas que vêm pela primeira vez sentem-se seguras em Portugal e, depois, querem conhecer o resto do país, até porque temos também gastronomia, cultura e muita história, ideal para short-breaks. É por isso que vamos apostar nas cidades mais pequenas, acreditamos que é nesses destinos que se vai verificar o maior crescimento nos próximos anos.
Da nossa parte, queremos continuar a crescer alinhados com esse crescimento, talvez até reforçando a nossa posição no mercado, com a introdução de novas soluções e, obviamente, apostando na qualidade do serviço, como é característico da SIXT. Portanto, prevemos crescer de forma sustentada, mantendo a qualidade do serviço e um preço competitivo.

Brexit e nova mobilidade

Além do preço, a SIXT tem assistido a outro tipo de mudanças na procura dos turistas, nomeadamente ao nível de mercados ou das novas formas de mobilidade?
Começando pelos mercados, notamos alguma redução, ainda que não muito significativa, no mercado inglês e no francês, que caíram um pouco, o que foi, de certa maneira, compensado com o mercado brasileiro, EUA e Canadá, que cresceram. Ou seja, tivemos uma quebra em dois mercados europeus, mas acabou por ser compensada com estes mercados americanos.

Em termos de procura por outro tipo de soluções, ainda não sentimos uma procura muito significativa, nomeadamente por carros elétricos, até porque é muito complicado para os turistas alugarem um carro elétrico, porque, depois, não vão ter onde o carregar ou dificilmente terão onde o carregar, porque ainda não temos infraestrutura em Portugal preparada para isso e, portanto, ainda não sentimos essa procura do ponto de vista do turista. Nas empresas, sim, começamos a sentir que podem existir algumas oportunidades ao nível dos carros elétricos, sobretudo nas empresas que estão preocupadas com a sustentabilidade e querem, de alguma forma, ter carros elétricos na sua frota. Estamos atentos a esta realidade, apesar de não ser ainda uma tendência em volume e que notemos que esteja a crescer muito, mas temos de ter atenção porque é algo que vai fazer o seu caminho e os carros elétricos vão crescer à medida que a infraestrutura também for crescendo.
Quanto a outras soluções, como o carsharing, também temos sentido alguma procura, quer no segmento corporate, quer no turismo, embora com menor frequência no turismo, mas sim, é algo a que estamos atentos e a desenvolver soluções para dar aos nossos clientes mais mobilidade e mais opções. Mas, para já, o rent-a-car continua a ser o mais procurado.




E qual é a sua opinião sobre estas soluções, são uma moda passageira ou vieram para ficar e, como dizia, vão fazer o seu caminho e, no futuro, poderão ter um peso significativo?
A minha perceção é que estas soluções, como o carsharing, motas, bicicletas e trotinetes vieram para ficar. As rent-a-car vão caminhar para ser empresas de mobilidade e vão ter de oferecer ao cliente um leque de alternativas, poderá ser o rent-a-car tradicional, o carsharing ou poderão ser também as bicicletas ou as trotinetes.
Não creio que o futuro seja o carsharing ou outra destas opções, acredito que vão coexistir alguns anos, com procura pelas duas vertentes. Não me parece que seja algo rápido e que, de repente, toda a gente passe a optar por isso, até porque a aposta no carsharing, por exemplo, exige investimentos elevados.
Por outro lado, também é preciso que as mentalidades mudem e que as pessoas que, hoje, compram carros, optem por deixar de os comprar. Talvez seja uma questão geracional e, como tal, vai demorar o seu tempo, isto é, a nova geração – e já há dados que indicam isso – prefere cada vez mais o carsharing. Por isso, no futuro, o carsharing vai coexistir com o rent-a-car tradicional e cada vez em maior número. As empresas de rent-a-car têm de se preparar para ter essas soluções, de forma a dar resposta à procura.Quando falou nos mercados, referiu que se notou uma quebra no mercado britânico. Qual é a importância deste mercado para a SIXT Portugal e como olha a empresa para o Brexit?
O mercado de turistas com origem em Inglaterra tem muita importância, sobretudo em algumas zonas do país, nomeadamente no Algarve e na Madeira que são, claramente, os destinos mais frequentados pelo mercado inglês. Portanto, é nessas zonas que, também para a SIXT, o peso do mercado britânico é maior. Isto é assim para o rent-a-car, para a hotelaria e para todo o setor do turismo. No resto do país, nomeadamente onde há mais turismo de cidade, já não é tanto assim, o peso deste mercado diminui.
De qualquer forma, se o Brexit tiver impacto, ou seja, se se notar uma grande quebra de turistas ingleses em Portugal, poderemos ter dificuldades no próximo ano. Ninguém ainda consegue antecipar muito bem o que vai acontecer e acho que isso também vai depender da evolução da libra. Se a libra desvalorizar fortemente face ao euro, poderemos ter um impacto maior, caso contrário, se houver algum equilíbrio – como há hoje – talvez não sintamos tanto o Brexit. Mas, de facto, o efeito da saída do Reino Unido da União Europeia ainda é uma incógnita. Neste momento, as perspetivas de que o Brexit se verifique são muito elevadas, mas não sabemos o que vai acontecer.Novidades

Falando de novidades, o que é que a SIXT Portugal prevê lançar em 2020, seja ao nível de produtos ou balcões?
Em 2019, abrimos um ou outro balcão, sobretudo no Algarve, para reforçar a nossa posição na região, e apostámos também na melhoria dos nossos balcões, com a renovação da sua imagem. Além disso, afinámos as nossas operações.
Em 2020, vamos continuar a expandir-nos para as cidades onde não estamos presentes, como Braga e outras, onde vamos abrir novos balcões e onde estamos a fazer também parcerias locais para levar a nossa marca a zonas de interior ou para cidades onde ainda não estávamos. Portanto, continuamos a apostar em fazer crescer a nossa rede nacional de balcões.
Em termos de produto, estamos em análise, até porque ao nível da SIXT global estão a ser estudados novos serviços, que, depois, nós transferimos para Portugal. Neste momento, estamos a pensar na introdução de veículos elétricos, vamos fazer uma experiência nesse sentido, e vamos também avançar para a digitalização, de forma a melhorar a experiência do cliente. Estamos a investir forte na melhoria da nossa plataforma digital e, em termos de outras soluções, vamos disponibilizar uma app para abrir a viatura, de forma a tornar o serviço chave-na-mão, para que se possa fazer tudo digitalmente.
Por outro lado, estamos também a desenvolver o serviço de Limousine, estendendo-o para o Norte. O SIXT Limousine é um serviço de aluguer de carros com motorista, para clientes que querem viaturas de nível premium com motorista, que começámos a oferecer no Sul do país e, em 2020, vamos levá-lo para o Norte.

Como é que tem corrido a aposta nesse serviço de Limousine?
Tem corrido muito bem, temos tido uma boa aceitação no Sul e temos crescido bem, estamos onde queríamos estar em Lisboa e, por isso, vamos crescer também para o Porto.
É um serviço completo e que está ligado à rede mundial da SIXT, daí que tenhamos muitas reservas de fora, de clientes que já conheciam o serviço e que confiam na marca. É um tipo de serviço muito procurado pelo segmento de luxo, nomeadamente por parte de determinadas companhias aéreas, hotéis e também por empresas.


Aeroporto de Lisboa

A ARAC tem-se vindo a queixar das condições oferecidas às empresas de rent-a-car no Aeroporto de Lisboa. A SIXT partilha dessa opinião?
As condições são, de facto, muito más. Começando pelos clientes, as condições que são oferecidas aos clientes são péssimas, desde o próprio espaço de funcionamento do aeroporto, até ao espaço das rent-a-car, ou seja, a zona onde estão os balcões é uma zona afunilada, apertada e baixa, longe até da própria saída. Não é, de facto, uma zona que nos agrade, mas é aquilo que temos disponível e, por isso, tentamos fazer o melhor possível. De qualquer forma, para o turista que chega a Portugal, não é uma boa porta de entrada.
Depois, a nível das condições da operação do parque – onde se faz a preparação das viaturas, o check-in e o check-out – diria que as condições são ainda mais absurdas. Não tem condições para quem ali trabalha, nem para os clientes. Desde o barulho, às filas de acesso para entregar o carro – porque é um acesso único para todas as rent-a-car e há clientes que ficam uma hora na fila para entregar a viatura, o que acaba por causar atrasos. São condições absolutamente deploráveis, não é bonito, não é confortável e é um terrível cartão de despedida.

E o que é que se pode fazer para melhorar essa situação?
Temos tido algumas reuniões com a ANA – Aeroportos de Portugal e estão, neste momento, a ser executadas obras no silo atual, que vão melhorar os acessos. Não vão resolver todos os problemas, mas, pelo menos, vão melhorar os acessos e libertar também alguns espaços de estacionamento para as rent-a-car.
É preciso ver que o aeroporto foi previsto para 10 milhões de passageiros e já vamos em mais de 30 milhões, segundo os últimos dados. Claro que nem todos os passageiros passam pelo espaço das rent-a-car, mas é um número considerável. Portanto, facilmente se percebe que as infraestruturas estejam totalmente esgotadas.
Neste momento, está em discussão a construção de um novo silo, que poderá resolver muitos dos problemas que existem, mas não é para já, ainda vai demorar uns anos até estar concluído, apenas agora começaram a existir reuniões com as rent-a-car. Acredito, aliás, todos acreditamos, que esse novo espaço virá resolver muitos dos problemas que existem.

E em relação ao Aeroporto do Montijo, tem existido diálogo com as rent-a-car?
Não sabemos rigorosamente nada. Têm existido as tais negociações com as rent-a-car sobre o novo silo de Lisboa mas, em relação ao Montijo, não sabemos rigorosamente nada sobre o que se vai passar. Os estudos ainda estão a ser terminados, nomeadamente os ambientais, e, por isso, ainda não houve qualquer negociação, nem foram iniciadas conversações. Portanto, não sabemos de nada.

Mas tem esperança que o papel das rent-a-car seja acautelado e que as empresas sejam ouvidas sobre o aeroporto do Montijo?
Nem quero acreditar que não seja de outra forma, porque o peso que as rent-a-car têm e o serviço que prestam ao aeroporto e, primeiramente, aos clientes, tem de ser acautelado. Somos os primeiros interessados em que exista uma solução, de forma a que consigamos servir os turistas que nos visitam e é preciso lembrar que o aeroporto também colhe parte dos resultados das empresas de rent-a-car.
Portanto, como estamos a ser envolvidos no desenho do novo silo do aeroporto de Lisboa, creio que também nos vão pedir, a seu tempo, para analisar as soluções que poderão ser adotadas. Ninguém sabe muito bem qual será o timing até porque ainda se está a analisar as medidas de mitigação à construção do Montijo, mas acredito que, depois disso, vamos ser chamados a participar na discussão.