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Aviões maiores permitem a Lisboa continuar a crescer
JORNAL DE NEGÓCIOS


O aeroporto Humberto Delgado cresceu 7% em número de passageiros nos primeiros nove meses deste ano, ultrapassando os 23,8 milhões, segundo dados da Airports Council Internacional (ACI) Europe. Um acréscimo que, tendo em conta a saturação atual da infraestrutura, fontes do setor explicam com as decisões das companhias aéreas de passarem a utilizar aeronaves de maior dimensão. É o que está a acontecer com a TAP, no âmbito do processo de renovação da sua frota, mas que está a ser seguida por várias outras transportadoras que voam para Lisboa.

No caso da companhia aérea nacional, por exemplo, enquanto os antigos Airbus A330 tinham capacidade para 263/269 passageiros, os novos A330 neo comportam 298 lugares. E se em dezembro de 2018 a TAP tinha três A330, em junho último contava já com uma dezena.
Questionada sobre as medidas que tem adotado para conseguir transportar mais passageiros neste aeroporto, a companhia escusou-se a responder.
Fontes do setor contactadas pelo Negócios garantiram que dentro das suas frotas as companhias aéreas estão a alocar as aeronaves à dimensão da procura, de forma a conseguirem aumentar a capacidade, uma vez que apesar de pretenderem fazer mais voos para Lisboa não conseguem.

Ao Negócios, José Lopes, diretor da Easyjet para Portugal, adiantou que a companhia tem "investido em Portugal e em Lisboa, em particular, através da substituição das aeronaves que eram utilizadas – A319 com 156 lugares – por outras com maior capacidade – A320 com 186 lugares". No entanto, salientou que "infelizmente essa medida apenas permite aumentar a capacidade uma vez, e irá esgotar-se assim que terminemos no próximo verão de substituir a totalidade das aeronaves a operar no aeroporto Humberto Delgado". Depois, "se continuar a não ser implementada nenhuma medida que nos permita crescer, estagnaremos", frisou, apontando que o crescimento que a companhia tem conseguido é "por um grande esforço em não desistir deste mercado".

Easyjet ainda cresce, mas não no verão
A mudança para aeronaves com mais capacidade foi, assim, uma das medidas adotadas pela Easyjet para conseguir transportar mais passageiros, a par, segundo José Lopes, "do aproveitamento inteligente de alguma capacidade residual de slots em horas menos sobrecarregadas". Desta forma, a companhia tem conseguido crescer. De acordo com os resultados divulgados na semana passada, no ano fiscal de outubro de 2018 a setembro de 2019, registou um crescimento de 4,5% em Lisboa, cerca de metade do crescimento que conseguiu no país (8,6%).

José Lopes considera que a estratégia da transportadora em Portugal, mais concretamente em Lisboa, "tem sido feliz", mas acrescenta estar consciente de que "é uma solução de curto prazo e que é necessária uma intervenção urgente no aeroporto". Há dois verões consecutivos (2018 e 2019) que a Easyjet regista um crescimento zero neste aeroporto. "O crescimento que registámos no primeiro semestre de 2019 foi referente ao inverno IATA, no verão estamos a perder oportunidades", disse, acrescentando que, "se nada for feito, preparamo-nos para ter um terceiro verão a crescimento nulo".

A ANA anunciou na semana passada que em janeiro vai iniciar as obras para a criação de duas saídas rápidas de pista em Lisboa. Esta é a primeira medida a avançar, de entre as que têm sido reclamadas pelas companhias aéreas.