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Renault quer mais poder na administração da Nissan. Parceria treme
JORNAL DE NEGÓCIOS


A parceria de duas décadas entre a Renault e a Nissan atravessa um momento de crise. A fabricante japonesa quer implementar um novo modelo de governo da empresa e a Renault pretende aproveitar as alterações para ganhar poder na administração da Nissan. É uma postura "lamentável", reagiu já a empresa japonesa.

A informação é avançada, esta segunda-feira, 10 de junho, pela Reuters, que indica que a exigência da fabricante francesa foi feita através de uma carta, assinada pelo chairman Jean-Dominique Senard (na foto), enviada à Nissan.
O novo modelo de governo que a Nissan pretende implementar implica a criação de três comités e, para que seja aprovado, terá de contar com os votos favoráveis de dois terços dos acionistas da empresa. A Renault controla 43,4% da Nissan e, de acordo com a agência noticiosa, terá ameaçado abster-se na votação - o que implicaria o chumbo do novo modelo - se não ficar assegurado que terá uma representação mínima de um a dois membros em cada um dos novos comités. Isto depois de, anteriormente, Senard já ter manifestado apoio a este novo modelo.

Esta não será a posição final da Renault e, de acordo com uma fonte ligada ao processo, ainda poderá ser alterada. Mas, tal como o novo modelo é apresentado, a fabricante francesa diz não se sentir segura de que terá "representação apropriada" na administração da Nissan.

Seja como for, a exigência não está a ser bem recebida. "A Nissan recebeu uma carta da Renault a indicar a intenção de se abster na votação. A Nissan considera que a nova posição da Renault nesta matéria é lamentável, uma vez que a mesma impede os esforços da empresa para melhorar o seu modelo de governo", criticou a fabricante japonesa, em comunicado.

Ao mesmo tempo, argumenta a Nissan, estará em causa um conflito de interesses. Isto porque a Renault terá intenção de sentar o seu presidente executivo Thierry Bollore, nos novos comités da Nissan, para que este tenha uma palavra a dizer nas nomeações de executivos e nos salários. "É um comportamento chocante de um acionista que há meses afirma que nos apoia no fortalecimento do nosso governo corporativo", afirma fonte da Nissan.

A crispação entre as duas empresas surge numa altura em que a Renault e a Fiat Chrysler procuram ressuscitar o plano de fusão que acabou por cair recentemente. Para isso, precisam da aprovação da Nissan, que, por seu lado, pretende que a participação de 43,4% da Renault seja significativamente reduzida, de acordo com a Reuters.