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“No grupo Fiat Chrysler, o cliente é que decidirá a motorização que quer”
Jornal Económico sapo


Motorizações elétricas, híbridas e plug-in? O grupo FCA vai ter quase todos os modelos eletrificados em 2020, mas não vai deixar de produzir o diesel e a gasolina, explica Artur Fernandes. O grupo italiano segue uma filosofia simples que passa por não desperdiçar os investimentos já feitos nas motorizações térmicas e lembremo-nos que foram pioneiros no sistema de injeção 

Para osmillennialsirão existir carros eletrificados que poderão partilhar, se essa for a tendência futura, mas também haverá carros com todo o tipo de motorizações e carregados de equipamento. Para os mais velhos – e toda a população está inexoravelmente a envelhecer, incluindo os atuaismillennials– a solução está a ser trabalhada com os veículos autónomos. A marca pensa no segmento que vai viver mais tempo e que não terá condições físicas para conduzir um automóvel e o grupo terá soluções para todas as marcas em condução autónoma. Do outro lado do Atlântico, no

mercado NAFTA, a condução autónoma está avançar e esse será o primeiro mercado consumidor. Deste lado do Atlântico a tendência é a eletrificação, mas mesmo nessa estratégia Artur Fernandes diz que o grupo tem muito cuidado. Considera ser “demasiado precipitado que nesta altura se possa afirmar que o futuro será 100% elétrico”.

Mas antes de voltarmos às tendências, é relevante salientar que o grupo FCA vendeu 20.198 unidades em 2018 e foi o 5º importador automóvel em Portugal. As várias marcas representaram 7,5% do mercado de particulares, depois de em 2015 o grupo estar em 8º lugar norankingcom 10 mil viaturas importadas. Três anos depois duplicou o número de viaturas importadas e vendidas.

O renascimento começou em 2015 com a reestruturação da equipa local e com o centro de decisão a transmitir de Madrid para Lisboa, utilizando o máximo de sinergias possíveis. Conta o gestor que a crise foi superior ao que se esperava e o grupo foi obrigado a intervir na rede de concessionários. Muitos faliram e a FCA ficou sem base de distribuição. A opção foi desenvolver um plano a três anos com parceiros e onde o grupo demonstrou obusiness casecom o pedido de m2, espaço e sinalética aos investidores. A contrapartida foi a promessa de lançamento de 12 novos modelos e em 2017 passaram a importar a marca Jeep. Conseguiram atrair 23 parceiros a quem foi dado volume e rendibilidade. E no final de 2018 o resultado tinha simplesmente superado as projeções e os três pilares da reestruturação foram cumpridos, salienta Artur Fernandes.

E o salto foi potenciado pelos bom desempenho de alguns modelos que o próprio gestor compara ao vinho do Porto, caso do Fiat 500 ou do Panda que permite ao grupo controlar 40% do segmento A (com os dois modelos). Entre os novos carros estão os Alfa Romeo Giulia, o Stelvio e na Fiat que ajudaram o grupo a entrar numa nova dimensão. As vendas dos comerciais assentaram no Doblò e na Ducato, mas o Talento veio dar novo vigor às vendas. A Abarth acabou por ser a grande surpresa em termos percentuais pois quando o grupo começou a trabalhar em 2015 vendia 30 unidades por ano e passados três anos tornou-se num dos desportivos mais “democráticos” do mercado, com as vendas a subirem das referidas três dezenas de unidades para 200 veículos.

Tendências
“Os principais desafios a médio prazo são as exigências que a UE está a colocar aos construtores a nível de CO2, o que nos obriga a investimentos em soluções alternativas de motricidade, caso dos elétricos e híbridos”, afirma o gestor.

Por seu lado, em termos de condução autónoma a aposta tem sido feita com investimento do lado dos países da NAFTA, com o grupo FCA a concretizar uma parceria com a empresa norte-americana Waymo. Diz Artur Fernandes que “desenvolver a condução autónoma vai custar dezenas de milhões de euros num produto que irá satisfazer uma clientela futura. Neste momento não há procura suficiente para o projeto ser rentável mas sabemos que se não o fizermos neste momento poderemos perder o comboio (tecnológico). E se num futuro próximo houver procura não a poderemos satisfazer. A alternativa para o não investimento será comprar um projeto a um fornecedor mas essa será uma opção muito mais cara. O que estamos a fazer é preparar o terreno de oferta futura para uma população que está envelhecer e que vive numa sociedade com a pirâmide demográfica invertida”.

Mas o gestor reforça a ideia de que “o grupo não vai abandonar a filosofia de base de carros para determinados padrões e pessoas”. Artur Fernandes reforça: “A estratégia do grupo é deixar o cliente decidir o que vai querer, dando-lhe alternativas em todas as plataformas. Nunca tirámos o pé do acelerador em nenhuma delas, sendo que a procura está a ser influenciada pelos incentivos ou penalizações governamentais e isso quem decide são os políticos. Ora como vivemos num sistema democrático umas vezes estão uns no poder e outras vezes estão outros e, logo, temos de nos posicionar para ver os ventos que sopram e para ter as várias tipologias de velas”.

O grupo – diz – “não vai desinvestir nas plataformas onde historicamente tem sido forte”. O I&D vai continuar no gás natural, no GPL, na gasolina e gasóleo, para além da eletrificação, diz o gestor. “O grupo é global e de forma sinergética desenvolverá investimentos onde forem necessários”. De forma irónica questiona-se se “um dia o diesel for o combustível de eleição na América latina. Não podemos desperdiçar os investimentos e lançá-los ao lixo. O cliente irá decidir o que pretende”.

Numa altura em que o diesel se torna o “inimigo número um” em algumas regiões o gestor questiona-se o que se fará ao crude depois de produzida a gasolina? Se o gasóleo não for necessário será queimado ou passa a betume? Sublinha que “do nosso lado se um dia o mercado tender para desenvolver soluções com motor atómico ou com água estaremos cá para oferecer essas soluções”. Acrescenta: “E já para não falar das baterias e em que a solução de hoje é armazená-las até se encontrar uma solução…”.

O grupo tem um parceiro para a produção de baterias que serão aplicadas a todos os segmentos, incluindo aos comerciais onde o grupo FCA está a desenvolver um veículo com 100 km de autonomia. Refere o gestor que esta será uma solução ainda insuficiente para quem se desloca constantemente mas que irá responder à procura para locais onde a circulação será permitida unicamente a elétricos. Dentro das tecnologias, o grupo segue as tendências: “Não estamos nem à frente nem atrás, estamos no pelotão”.

Por outro lado, o consumidor quer novos sistemas de segurança e que o gestor diz “serem os mínimos olímpicos”. Todos os veículos já os trazem. Os clientes estão, no entanto, a exigir mais oferta dentro dos automóveis com destaque para a conetividade, o sistema de som, o “info entertainment” ou a caixa automática que passou a estar associada a motores de baixa cilindrada. As antigas caixas de custo elevado deram lugar a caixas robotizadas acopladas a sistemas mecânicos e que têm um computador que pensa por si.

Serviços
As marcas estão a evoluir para um serviço “mas não sabemos o que será o futuro, secarsharing,rentingouubers.Não sabemos e mais uma vez temos estado a desenvolver plataformas com todos”, diz o gestor. Acrescenta que o grupo tem modelos decarsharingem associação com a petrolífera ENI, em Milão e Roma.

“Em Portugal estamos a ser assediados para vender frota que tenha soluções tecnológica que permita ocarsharingcom o telemóvel, o que obriga a um software específico e que já o temos desenvolvido”, diz Artur Fernandes. Acrescenta não ter fechado nenhum negócio pelos preços pedidos “pois não estamos cá para fazerdumping, para além de que nenhuma das novas empresas sobreviveu. Acredito que algumas que sejam subvencionadas possam sobreviver. Em Portugal ainda não fizemos nada em termos de serviços partilhados porque não encontrámos o parceiro certo”.

Refere que o grupo tem vindo a colaborar com as plataformas de transporte, caso da TVDE e com associações de táxis. Estes sistemas “funcionam bem”, sublinha. Norentingo trabalho é sobretudo a nívelcorporate. Questionado sobre se o futuro do grupo poderá ser mais serviços e menos vendas de viaturas, deixou uma enigmática possibilidade disso acontecer, mas reforçou não conseguir antecipar.

common raile no filtro de partículas para o diesel, e ao mesmo tempo, responder a todos os novos e antigos segmentos.