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CONVENÇÃO DA ARAC: COMO SERÁ O TURISMO DAQUI A CINCO ANOS?
AMBITUR


“Como vai ser o Turismo daqui a cinco anos?” foi um dos desafios propostos pela ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor na sua III Convenção Nacional, que teve lugar em abril, na Culturgest, em Lisboa.

Pedro Machado, presidente da Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal, acredita que “o turismo não pode ser visto como um compartimento estanque”, sendo provavelmente “uma das organizações mais difíceis de gerir porque é uma constelação” que se relaciona com diferentes áreas.

O Turismo tem crescido no país encontrando-se “em convergência com as novas tendências da procura internacional”. No entanto, Pedro Machado recorda que “Portugal posicionou-se durante muitos anos como um destino de sol e praia. E isso fez com que, e bem, tivéssemos crescido de forma substantiva, sobretudo a sul. Mas criou-nos um problema que é um foco num único produto e, simultaneamente, de grande sazonalidade”.

O representante do Centro de Portugal defende que, hoje, e nos próximos tempos, o desenvolvimento turístico tem de ter em conta a coesão territorial “sobretudo quando procuramos posicionar Portugal em mercados emergentes”. Além da sua hospitalidade e singularidade, o país beneficia de “maior diversidade de produto turístico concentrado num pequeno território”, de norte a sul, “difícil de igualar em países concorrentes”. Assim, Pedro Machado continua “a acreditar que nos próximos cinco anos Portugal vai continuar a crescer”.

Pedro Costa Ferreira

Menos pressão turística e mais liberdade económica

Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, acrescenta que através da coesão “vamos ter mais território para ter também menos sazonalidade e para ter mais receita turística”, o que também dependerá muito de uma série de políticas.
“Continuamos a precisar de capacidade de crescimento”, garante, “precisamos da menor pressão turística possível para um determinado número de turistas porque precisamos da maior receita possível para um determinado número de turistas”.

Na sua opinião, existem dois aspetos fundamentais para “termos melhor e mais turismo daqui a cinco anos” que são a liberdade económica e a flexibilidade laboral. “É um problema europeu. Nós precisamos de mais liberdade económica. Acho que com menos impostos, com menos subsídios e com mais flexibilidade [laboral] nós atraímos mais investimento e melhor turismo”, explica Pedro Costa Ferreira.


Qualificação do Turismo

Já Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo, afirma que “o grande desafio daqui a cinco anos é partir de uma cultura de verdade e de forte escrutínio entre quem presta um serviço e a quem o serviço é prestado”, uma vez que, com a internet e as novas OTA’s, “os prestadores são fortemente avaliados”.

Mas a grande dificuldade, atualmente, está em recrutar face a uma “qualificação que o turismo terá de assegurar”. Segundo o atual administrador do PortoBay Hotels, existem dois caminhos: importar mão-de-obra ou pagar melhor. Bernardo Trindade avança que, segundo a WTTC, “em Portugal, em cada cinco euros de criação de valor, um euro já está na área do Turismo. Portanto, há aqui uma responsabilidade indiscutível que toda esta cadeia vai ter que assumir.”


Aumento da capacidade aeroportuária
Daqui a cinco anos, Francisco Pita, administrador da ANA – Aeroportos de Portugal, acredita que “vamos ter o
aeroporto do Montijo em operação. Acreditamos que vamos ter também aumentos de capacidade já no aeroporto de Lisboa para fazer face àquele que é o crescimento que antecipamos para os próximos anos”.

O administrador da ANA explica que nada fazia prever o crescimento turístico que o País registou: “Se olharmos para as previsões que existiam há 10 anos atrás, para a Portela, nós temos 10 milhões passageiros a mais do que aquilo que as previsões mais otimistas nos davam. 10 milhões de passageiros é o aeroporto do Porto. Nós temos um aeroporto do Porto em cima da Portela.”

O contrato de concessão assinado entre a ANA e o Estado português estipulava que o primeiro “trigger” para iniciar a discussão sobre o aumento de capacidade aeroportuária, e começar a encerrar pistas e a construir novos aeroportos, seriam os 22 milhões de passageiros.

“No momento em que atingimos os 20 milhões de passageiros até ao momento em que atingimos perto da saturação, que são os 30 milhões, demorámos apenas três anos”, informa.

Entretanto, a pista secundária (17/35) do aeroporto da Portela deverá encerrar e, segundo Francisco Pita, “é absolutamente crítico que a pista encerre”. Com esta medida, a ANA fica com cerca de 100 milhões de euros de investimento que pode colocar imediatamente no terreno o que terá “um efeito prático importante já na capacidade para o próximo ano”.