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Novo Mazda 3 chega a Portugal com uma mão cheia de truques
Observador


Já está disponível no mercado nacional o mais recente Mazda 3, quenada herda da geração anterior. Para começar, a plataforma é nova, até porque o construtor necessitava de equipar o novo 3 com uma solução híbrida, o que pressupõe espaço para alojar motores eléctricos e baterias maiores.A carroçaria surge distinta, não com uma revolução face à geração anterior, mas sim como uma evolução. A frente é mais afilada, com faróis mais rasgados, que acompanham uma grelha ao estilo da marca, que agora surge em preto mate nas versões de cinco portas, e em cromado no sedan de quatro portas, que chegará ainda este ano ao mercado, em princípio durante o mês de Junho.

A traseira é igualmente diferente, mais arredondada e alta, com farolins mais estilizados e atraentes,sendo os painéis laterais os menos consensuais. Se por um lado as suas formas geramnuances, mais ou menos evidentes consoante a cor da carroçaria, e a linha em cunha reforça o carácter dinâmico da carroçaria, o pilar traseiro é muito volumoso. E se isto confere ao modelo um ar mais robusto, acaba por limitar a visibilidade traseira na hora de realizar manobras.

Face à anterior geração, o novo 3 é similar em comprimento (perde apenas 1 cm) e largura, sendo mais baixo 3 cm. A distância entre eixos cresce 2,5 cm, o que deixa antevervantagens no espaço para as pernas de quem se senta atrás. Sendo que, apesar deste incremento, arigidez da carroçaria aumentou– fruto de uma maior utilização de aço de alta resistência – e opeso diminuiu. E se o ganho é de apenas 6 kg, é bom recordar que é obtido incorporando uma bateria extra, um motor eléctrico e todo o sistema de gestão, que obviamente não existiam no modelo anterior.

Bom motor diesel sem AdBlue

De momento, o 3 arranca com um motor a gasolina e outro a gasóleo, sendo este o igualmentenovo 1.8 Skyactiv-D com injecção directa e turbocompressor de geometria variável. A potência é de 116 cv (binário de 270 Nm), com a nova unidade a anunciar um consumo médio de 4,1 litros, já de acordo com o mais actual e restritivo método de determinação de consumos e emissões WLTP, valor que rondaria 3,5 caso fosse utilizado o anterior NEDC.

Skyactiv-D1.8

Pouco ruidoso, sem que tenhamos conseguido perceber se devia ao bom isolamento do veículo ou à insonorização da mecânica, este motordestaca-se por não necessitar de injecção de AdBluee a presença de um conversor catalítico selectivo para tratamento dos NOx. Segundo a Mazda – e a homologação confirma-o –, o Skyactiv-D 1.8 consegue respeitar as normas montando apenas um armazenamento de NOx (onde o azoto é separado do oxigénio, com ambos, uma vez separados, a não causarem mal ao ambiente), dado emitir muito menos quantidade deste poluente.Isto reduz os custos de utilizaçãoe, sobretudo, a necessidade de, volta e meia, o condutor ter de abastecer de AdBlue, ou seja, uma solução de ureia.

Durante a apresentação internacional do modelo, que decorreu em Portugal, tivemos oportunidade de ensaiar esta motorização, que se revelou económica –tendo nós conseguido rodar abaixo dos 4,1 litros/100 km anunciados pelo fabricante–, subindo facilmente de regime, com a marca a anunciar uma velocidade máxima de 197 km/h.

Motor a gasolina surpreendente

Se o motor diesel é quem domina no mercado europeu, com 69% das vendas no segmento C, a realidade é que são as unidades a gasolina cuja procura mais cresce, com 21,5% em 2018, contra uma queda dos motores a gasóleo de 14,4%, o que explica a aposta da Mazda nestes últimos.O novo Skyactiv-G 2.0 tem dois litros de capacidade (1988 cc), fornece 122 cv e possui uma série de truques na manga.

Tradicionalmente neste segmento, os motores têm menos cilindrada, recorrendo a um turbocompressor para incrementar a potência e, especialmente, a força.A Mazda seguiu um outro caminho, incrementando a cilindrada e retirando o turbo. Com isto, a marca nipónica conseguevalores de consumo igualmente baixosa rodar devagar, mas não os vêaumentar consideravelmente sempre que o condutor decide adoptar um ritmo mais apressado.

Skyactiv-G 2.0

Como se isto não bastasse,a ausência do turbo permite ainda não ter de montar um filtro de partículas, obrigatório para cumprir com as exigências do WLTP nas unidades sobrealimentadas. Ainda assim, a marca teve de recorrer a argumentos extra para limitar os consumos desta unidade que chega a ter o dobro da capacidade de alguns concorrentes. Uma das soluções foi adesactivação dos cilindros, com este quatro cilindros a funcionar apenas com dois sempre que o condutor levanta o pé do acelerador ou o pressiona muito levemente.

Ainda para cortar nos consumos, o que a Mazda estima entre 0,5 a 0,7l/100 km, o Skyactiv-G 2.0 estáequipado com um sistema Mild Hybrid, ou híbrido “suave”, essencialmente uma solução que recorre a um pequeno motor eléctrico (6 kW) alimentado por uma pequena bateria (0,17 kWh), que ajuda a colocar o motor em funcionamento em condições de Start&Stop, fornecendo ainda uma potência extra no momento do arranque e sempre que o condutor acelera, diminuindo a necessidade de gasolina. Com isto, o Mazda 3 que anuncia 197 km/hconsome apenas 5,1 l/100 km.

O melhor ainda está para vir

Prometendo um novo motor diesel para 2020, um híbrido plug-in para 2021 e um sistema com extensor de autonomia para breve (muito provavelmente alimentado por um motor rotativo), a Mazda está concentrada no novo motor Skyactiv-X.Esta unidade revolucionária, sendo a gasolina, trabalha quase como se fosse um diesel, com uma explosão garantida por compressão, apesar da presença da vela de ignição.

A taxa de compressão sobe para 16:1, a quantidade de ar inserida no cilindro aumenta drasticamente, sendo que esta mistura pobre é responsável por umaimportante redução de emissões de NOx. Com uma potência que se estima rondar 180 cv, este Skyactiv-X vai garantir umcorte nos consumos de 20%, sendo que deverá surgir no mercadoainda este ano, recorrendo igualmente a um sistema híbrido “suave”, para reduzir ainda mais o consumo.

Mazda olha-o nos olhos

Visando incrementar a segurança activa e passiva de quem vai a bordo, a Mazda equipou o novo 3 com os mais recentes sistema de ajuda (e também controlo) ao condutor. Com destaque para o Driver Monitoring, que através de uma câmara no painel de instrumentosperscruta os olhos de quem está ao volante, mesmo que use óculos escuros. Mede assim o grau de atenção (ou distracção), sonolência e até se está atento ao carro que acabou de se atravessar à sua frente.

davidlfsmith

Novo é igualmente o Front Cross Traffic Alert, que funciona da mesma forma do sistema que já existia para ajudar quando se saía de um lugar de estacionamento e era difícil perceber se alguém se aproximava. Agora, o condutor vai ver facilitada a abordagem a cruzamentos sem visibilidade, poissão os sensores localizados na frente do carro que “vêem”se se aproxima outro veículo.

Além destas duas novidades, o Mazda i-Activsense inclui ainda os outros sistemas já conhecidos, do assistente da faixa de rodagem ao assistente de velocidade inteligente, passando pelo reconhecimento de sinais de trânsito, Cruising & Traffic Support, e ocruise controlda Mazda através de radar.

Como é por dentro?

Uma vez sentado ao volante, o condutor tem à sua frente umvolante de dimensões generosas e que cai bem na mão, deixando ver de forma perfeita o painel de instrumentos onde três mostradores redondos nos prestam toda a informação relevante para a condução, com um ecrã ao centro a fornecer elementos extra, além dohead-up display, agora projectado no para-brisas.

O painel central mudou e felizmente, estando agora mais recuado, mas revelando-semais elegante e funcional. Mudou igualmente osoftwarede controlo, com o novo a parecer-nos mais funcional.Os materiais são bons e agradáveis ao tacto, com os bancos, de um novo tipo, a suportarem bem o corpo. Isto para quem se senta à frente.Atrás há mais espaço para pernas e o mesmo em largura, com a única perda a limitar-se à visibilidade para o exterior, especialmente para as crianças e adultos de estatura inferior.

A mala oferece 358 litros, praticamente o mesmo da anterior geração (364 l), alinhando pela média do segmento e revelando formas que se tornam fáceis de explorar, isto depois de obrigar a elevar mais do que habitual os volumes, antes de os depositar no fundo da bagageira.

E ao volante?

Não sendo um desportivo, o novo Mazda 3 cumpre na perfeição o que se pode pedir de um modelo do segmento C. Sendo relativamente leve, com apenas 1274 kg,é ágil e curva de forma eficaz, mesmo se monta atrás um eixo semi-rígido. As irregularidades do piso não o descompõem, o que se saúda, pois são condições que abundam no nosso país, nem comprometem o conforto.

Os motoresnão impressionam pela potência, mas não impedem uma condução mais rápida, sendo de tal forma eficazes que nunca sentimos a intervenção dos sistemas de ajuda à condução, a começar pelo que recorre à vectorização do binário. A capacidade de travagem revelou consistência, mesmo quando abusámos, e adirecção evoluiu favoravelmente face à anterior, assegurando um maiorfeedbackao condutor.

Antes do final do ano, quando estrear o motor Skyactiv-X, o Mazda 3 passará a contar igualmente com uma versão i-AWD, com um sistema 4×4 inteligente.

Preço e quando chega

A versão hatchback do Mazda 3, com cinco portas, já está disponível em Portugal, com dois níveis de equipamento, sendo o Evolve o mais acessível e o Excellence o mais refinado. Motores há os dois iniciais, o 1.8 turbodiesel de 116 cv e o 2.0 a gasolina, com 122 cv, podendo ambos estar associados a uma caixa manual de seis velocidades, ou automática tradicional, com conversor de binário e o mesmo número de relações.

Os preços arrancam nos 26.410€, para a versão a gasolina, e 30.305€ para o Mazda 3 a gasóleo, com a diferença a tornar mais interessante os modelos equipados com motor a gasolina. Em Junho surgirá o Sedan, a berlina de quatro portas,de estética mais consensual e que mais parece um Mazda 6 ligeiramente mais pequeno, o que pode ser um trunfo para aqueles condutores que não morrem de amores pelos SUV.

A Mazda Europa gostaria que, em vez do Sedan, o construtor japonês se tivesse decidido pela concepção de uma carrinha, como fazem os seus concorrentes, mas como o construtor só faz apostas para mercados globais, a marca defende-se com o facto de a carrinha ser uma moda quase exclusivamente europeia.