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Jornal de Negocios
As autoridades japonesas suspeitam que o "chairman" da Nissan Motor, Carlos Ghosn, tenha declarado rendimentos inferiores aos que efectivamente auferiu, depois de uma investigação realizada pela própria Nissan.
As autoridades japonesas realizaram buscas na sede da Nissan, bem como noutros locais relacionados com a fabricante de automóveis, de acordo com o jornal japonês Asahi, citado pela Reuters.
Ghosn, além de "chairman" da Nissan, é também presidente executivo da Renault.
Entretanto a Nissan comunicou que vai pôr um fim ao mandato de Ghosn como "chairman", depois de ter descoberto que o responsável usou dinheiro da empresa para fins pessoais, além de ter cometido vários outros actos graves de má conduta.
A Nissan revelou as suspeitas através de um relatório, depois de uma investigação nos últimos meses a alegadas práticas impróprias praticadas por Ghosn e por um outro alto representante da Nissan, Greg Kelly.
"A investigação mostrou que ao longo de vários anos Ghosn e Kelly declararam rendimentos inferiores aos valores reais à Tokyo Stock Exchange, de forma a reduzir o montante declarado de Ghosn", revela a Nissan num comunicado, citado pela Reuters.
Ghosn é suspeito de ter "escondido" cinco mil milhões de ienes (39 milhões de euros), revela a publicação japonesa Kyodo, citada pela Bloomberg. Nos últimos anos enquanto CEO da Nissan – 2015 e 2016 – Ghosn auferiu mais de 1.000 milhões de ienes. No Japão, realça a agência financeira norte-americana, Ghosn tornou-se num dos executivos mais bem pagos, mas quando comparado com as remunerações da indústria automóvel mundial este valor representa cerca de metade da média.
A fabricante revelou ainda que o CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, vai avançar com uma proposta para que o conselho de administração afaste os dois responsáveis.
Estas suspeitas estão a provocar quedas acentuadas nas acções das duas cotadas. A Renault está a afundar mais de 13%, negociando em mínimos de 2014. Já a Nissan está a perder mais de 7%, no mercado alemão, igualmente para mínimos de 2014.