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Brexit: Reino Unido procura novos parceiros – Escandinávia e EFTA na mira
Jornal Económico


A primeira-ministra britânica, Theresa May, e a economia britânica em geral, precisam de encontrar um caminho pós-Brexit, numa altura em que o futuro do Reino Unido está cada vez mais incerto de ambos os lados do Canal da Mancha. E se esse caminho for na Europa, tanto melhor.

Esta foi, segundo a comunicação social do país, a mensagem que os britânicos absorveram depois de Theresa May ter proferido, esta terça-feira, o discurso inaugural do Conselho Nórdico, um encontro anual dos primeiros-ministros da Islândia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, e de representantes dos líderes das regiões autónomas da Gronelândia, Ilhas Faroé e arquipélago de Åland, que decorrerá até esta quinta-feira em Oslo, a capital norueguesa.

”Mesmo que o Reino Unido deixe a União Europeia, não sai da Europa e continuará a ser um forte aliado dos nórdicos”, afirmou o presidente do Conselho Nórdico, o conservador Michael Tetzschner, presidente daquele organismo, antes de passar a palavra a Theresa May.

A primeira-ministra britânica quis deixar claro perante quase 200 pessoas que as relações entre o Reino Unido e os países nórdicos são “excelentes” há mais de 1.500 anos. May pediu que as relações entre Londres e as capitais nórdicas fossem “para o nível seguinte”, nomeadamente em áreas o comércio e a segurança – algumas daquelas que o Brexit deixará os britânicos em dificuldade.

“Somos amigos, somos parceiros e compartilhamos valores: democracia, direitos humanos e igualdade, esses são também os valores do Reino Unido”, disse May, que abordou a ideia de uma abordagem à Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), desde que “não haja acordo com Bruxelas” sobre o ajuste das relações comerciais entre o Reino Unido, a Irlanda do Norte e o resto da União Europeia após o Brexit.

Pertencer à EFTA – como a Noruega, a Suíça, a Islândia e o Liechtenstein, atuais membros que não pertencem à União Europeia – permitiria ao Reino Unido manter relações comerciais semelhante com os 27 países do Mercado Único, mas sem ter de responder às exigências de Bruxelas. Londres pertenceu até 1972 à EFTA, de onde teve de sair quando entrou na Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1973 – tal como fez Portugal em 1986.

A ideia parece ter agradado principalmente à Noruega, que não faz parte da União, e que tem intensas relações comerciais com o Reino Unido. “Queremos fortalecer as relações entre os países nórdicos, o Reino Unido e os países bálticos”, disse a dada altura a primeira-ministra norueguesa, a conservadora Erna Solberg.

Embora tenha mencionado o comércio e a segurança, para Solberg as prioridades são os oceanos e a eliminação do uso de plásticos e a proteção após o Brexit dos direitos das dezenas de milhares de cidadãos noruegueses que vivem no Reino Unido. Em reunião bilateral à margem do encontro, May e Solberg comprometeram-se a garantir, no caso de um Brexit sem acordo, que os direitos de todos os cidadãos noruegueses na ilha britânica e vice-versa serão assegurados.

Dando mostras do bom entendimento entre todos, o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven ainda teve tempo para referir que “alguns de nós ainda dançam ocasionalmente os ABBA”, numa referência à entrada de Theresa May ao ritmo de ‘Dancing Queen’ quando, no congresso conservador do início de outubro, se aproximava do palanque para proferir o discurso de encerramento.