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Bolsonaro é o 38º Presidente do Brasil e promete acabar com o défice público
Jornal Económico


Jair Bolsonarodo Partido Social Liberal (de direita) ganhou a segunda volta das eleições do Brasil.De acordo com os dados oficiais, Jair Messias Bolsonaro foi eleito 38.º Presidente da República Federativa do Brasil com 57.765.131 votos (55,15%), enquanto Fernando Haddad (PT, esquerda), conquistou nesta segunda volta 46.969.763 votos (44,85%).O voto é obrigatório no Brasil.

Jair Bolsonaro falou ao país a agradecer aos apoiantes: “seguindo os ensinamentos de Deus, ao lado da constituição, inspirando-me em grandes líderes mundiais e com uma boa assessoria técnica e profissional isenta de indicações políticas, vamos constituir um Governo a partir do ano que vem que possa realmente colocar o nosso Brasil num lugar de destaque. Temos tudo para ser uma grande nação. Temos condições de governabilidade dados os contactos que fizemos ao longo dos anos com parlamentares. Os compromissos assumidos serão cumpridos com todas as bancadas.Vamos juntos mudar o destino do Brasil. Sabemos para onde queremos ir”, disse o novo presidente do Brasil numa primeira comunicação nas redes sociais.

O Brasil é um país 208 milhões de habitantes com grandes clivagens sociais. É um país com um enorme défice público. Um dos principais desafios será reduzir os gastos do Estado. Outro grande desafio vai ser combater a elevadíssima criminalidade.

Numa segunda comunicação ao país, mais oficial, quando Jair Bolsonaro faz o seu discurso da vitória, começou mais uma vez por agradecer a Deus [Bolsonaro é católico e tem o apoio assumido de várias igrejas evangélicas]. “Este Governo será defensor da Constituição, democracia e da liberdade. Esta não é a promessa de um partido. Não é a palavra vã de um homem. É um juramento a Deus”, disse.

“A verdade vai libertar este grande país e transformá-lo numa grande nação. A verdade foi o farol que nos guiou até aqui e que vai seguir iluminando o nosso caminho”, disse o novo presidente do Brasil.

“Temos o propósito de transformar o Brasil numa grande, livre e próspera nação”, disse, prometendo trabalhar dia e noite para isso. “Liberdade é um príncipio fundamental, liberdade de andar nas ruas em todo o lugar deste país, liberdade de empreender, liberdade política e religiosa, liberdade de opinião, liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas, este é um país de todos nós, um país de diversas opiniões, cores e orientações”, disse acrescentando que as “leis são para todos”.

Bolsonaro prometeu cortar a estrutura do Governo Federal e a burocracia, “cortando desperdícios e privilégios”.

O “nosso governo vai quebrar paradigmas”, disse prometendo “desburocratizar, simplificar e permitir o empreendorismo”. “Vamos desamarrar o Brasil”, referiu. “Portanto os recursos federais irão diretamente do Governo central para os Estados e municípios”, prometeu Bolsonaro dizendo“precisamos de mais Brasil e menos Brasília”.

“Este não será um governo de resposta apenas às necessidades imediatas. As reformas a que nos propomos são para criar um novo futuro para os brasileiros”, disse o novo Presidente do Brasil que reafirmou ainda o direito de propriedade.

“Emprego, renda e reequilíbrio fiscal, é o nosso compromisso, para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho para todos”, disse. “Quebraremos o círculo vicioso do crescimento da dívida”, disse Bolsonaro que promete um círculo virtuoso da descida do défice, queda da dívida e de juros mais baixos. “O que estimula o investimento e o crescimento do PIB e o crescimento do emprego”, lembrou.

“O défice público primário precisa de ser eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit, esse é o nosso propósito”, afirmou.

“Governaremos com os olhos nas próximas gerações e não na próxima eleição”, disse ainda Bolsonaro que vai governar por quatro anos o Brasil.

“Ofereceremos um Governo decente que trabalhará para todos os brasileiros. Brasil acima de tudo e Deus e acima de todos”, concluiu.

Bolsonaro não desvendou como conseguirá atingir estas metas ambiciosas.

Jair Bolsonaro é um militar da reserva e político brasileiro filiado no Partido Social Liberal, é deputado federal desde 1991, “tem 27 anos de Congresso Nacional, conhece o sistema brasileiro, conhece a Câmara, conhece o Senado, conhece o Executivo, não é um outsider da política”, diz Carla Mendonça, investigadora de ciência política e comunicação do ISCTE na SIC Notícias.

Chamado de “mito” e “herói” pelos seus apoiantes e de “perigo à democracia” por críticos e adversários, Jair Bolsonaro está na política brasileira há 28 anos e foi eleito deputado (membro da câmara baixa) sete vezes consecutivas.

Já na primeira volta, Bolsonaro tinha ficado a poucos milhares de votos de ganhar , logo a Presidência e o seu partido, o Partido Social Liberal (PSL), tornou-se na segunda força política do Congresso dos Deputados.

E o efeito de contágio atingiu mesmo uma série de candidatos a governadores estaduais que declararam o seu apoio a Bolsonaro, conseguindo ganhar as respetivas eleições.

Jair Bolsonaro tem sido acusado de ter com ele os militares e tem sido muito criticado na Europa pelas suas declarações a dizer que “as minorias são minorias”. Há também quem defenda que vai ser mais moderado do que fazem crer os receios internacionais, segundo alguns analistas.

Durante esta semana o instituto Data Folha dava conta que, um dia antes da eleição, Jair Bolsonaro (PSL), mantinha o favoritismo, mas a diferença para Fernando Haddad (PT) tinha diminuído de 18 para 10 pontos percentuais.

Mas agora já não há dúvidas Bolsonaro é o vencedor. O resultado levou a desacatos nas ruas que obrigaram a recorrer à polícia de intervenção para apaziguar os confrontos entre apoiantes e críticos de Bolsonaro.