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Jornal Económico
O Brasil é um país 208 milhões de habitantes com grandes clivagens sociais. É um país com um enorme défice público. Um dos principais desafios será reduzir os gastos do Estado. Outro grande desafio vai ser combater a elevadíssima criminalidade.
Numa segunda comunicação ao país, mais oficial, quando Jair Bolsonaro faz o seu discurso da vitória, começou mais uma vez por agradecer a Deus [Bolsonaro é católico e tem o apoio assumido de várias igrejas evangélicas]. “Este Governo será defensor da Constituição, democracia e da liberdade. Esta não é a promessa de um partido. Não é a palavra vã de um homem. É um juramento a Deus”, disse.
“A verdade vai libertar este grande país e transformá-lo numa grande nação. A verdade foi o farol que nos guiou até aqui e que vai seguir iluminando o nosso caminho”, disse o novo presidente do Brasil.
“Temos o propósito de transformar o Brasil numa grande, livre e próspera nação”, disse, prometendo trabalhar dia e noite para isso. “Liberdade é um príncipio fundamental, liberdade de andar nas ruas em todo o lugar deste país, liberdade de empreender, liberdade política e religiosa, liberdade de opinião, liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas, este é um país de todos nós, um país de diversas opiniões, cores e orientações”, disse acrescentando que as “leis são para todos”.
Bolsonaro prometeu cortar a estrutura do Governo Federal e a burocracia, “cortando desperdícios e privilégios”.
O “nosso governo vai quebrar paradigmas”, disse prometendo “desburocratizar, simplificar e permitir o empreendorismo”. “Vamos desamarrar o Brasil”, referiu. “Portanto os recursos federais irão diretamente do Governo central para os Estados e municípios”, prometeu Bolsonaro dizendo“precisamos de mais Brasil e menos Brasília”.
“Este não será um governo de resposta apenas às necessidades imediatas. As reformas a que nos propomos são para criar um novo futuro para os brasileiros”, disse o novo Presidente do Brasil que reafirmou ainda o direito de propriedade.
“Emprego, renda e reequilíbrio fiscal, é o nosso compromisso, para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho para todos”, disse. “Quebraremos o círculo vicioso do crescimento da dívida”, disse Bolsonaro que promete um círculo virtuoso da descida do défice, queda da dívida e de juros mais baixos. “O que estimula o investimento e o crescimento do PIB e o crescimento do emprego”, lembrou.
“O défice público primário precisa de ser eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit, esse é o nosso propósito”, afirmou.
“Governaremos com os olhos nas próximas gerações e não na próxima eleição”, disse ainda Bolsonaro que vai governar por quatro anos o Brasil.
“Ofereceremos um Governo decente que trabalhará para todos os brasileiros. Brasil acima de tudo e Deus e acima de todos”, concluiu.
Bolsonaro não desvendou como conseguirá atingir estas metas ambiciosas.
Jair Bolsonaro é um militar da reserva e político brasileiro filiado no Partido Social Liberal, é deputado federal desde 1991, “tem 27 anos de Congresso Nacional, conhece o sistema brasileiro, conhece a Câmara, conhece o Senado, conhece o Executivo, não é um outsider da política”, diz Carla Mendonça, investigadora de ciência política e comunicação do ISCTE na SIC Notícias.
Chamado de “mito” e “herói” pelos seus apoiantes e de “perigo à democracia” por críticos e adversários, Jair Bolsonaro está na política brasileira há 28 anos e foi eleito deputado (membro da câmara baixa) sete vezes consecutivas.
Já na primeira volta, Bolsonaro tinha ficado a poucos milhares de votos de ganhar , logo a Presidência e o seu partido, o Partido Social Liberal (PSL), tornou-se na segunda força política do Congresso dos Deputados.
E o efeito de contágio atingiu mesmo uma série de candidatos a governadores estaduais que declararam o seu apoio a Bolsonaro, conseguindo ganhar as respetivas eleições.
Jair Bolsonaro tem sido acusado de ter com ele os militares e tem sido muito criticado na Europa pelas suas declarações a dizer que “as minorias são minorias”. Há também quem defenda que vai ser mais moderado do que fazem crer os receios internacionais, segundo alguns analistas.
Durante esta semana o instituto Data Folha dava conta que, um dia antes da eleição, Jair Bolsonaro (PSL), mantinha o favoritismo, mas a diferença para Fernando Haddad (PT) tinha diminuído de 18 para 10 pontos percentuais.
Mas agora já não há dúvidas Bolsonaro é o vencedor. O resultado levou a desacatos nas ruas que obrigaram a recorrer à polícia de intervenção para apaziguar os confrontos entre apoiantes e críticos de Bolsonaro.