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Portugal é o terceiro país da UE com maior quota de carros eléctricos nas vendas
Jornal de Negocios


Nos primeiros seis meses deste ano, os 1.868 carros eléctricos vendidos em Portugal representam 1,39% do total de vendas de automóveis ligeiros de passageiros, que representam 80% do mercado nacional. Este valor coloca Portugal como o terceiro país da União Europeia (UE) em termos de quota de veículos eléctricos no total de vendas.

A Holanda, com os eléctricos a representarem 3,75% das vendas, e a Áustria, com 1,6%, são os únicos países, entre aqueles para os quais a Associação de Construtores Automóveis Europeus (ACEA) possui dados, com melhor desempenho do que Portugal. Aliás, apenas França, o terceiro maior mercado automóvel europeu, entra no "clube" de países com uma quota de veículos eléctricos superior a 1%, mais exactamente 1,21%. A média do conjunto dos países da UE analisados situa-se em 0,56%.

Olhando para toda a Europa, a "campeã" é, contudo, a Noruega, onde os carros eléctricos representaram 26,25% das vendas de ligeiros de passageiros entre Janeiro e Junho. Também a Suíça apresenta um valor ligeiramente superior ao de Portugal: 1,53%.

Em termos de aumento das vendas de automóveis eléctricos face ao primeiro semestre de 2017, Portugal surge na sexta posição. Mas os países que registam maiores subidas do que Portugal são todos mercados com uma reduzida dimensão, sendo que em nenhum deles as vendas de eléctricos até Junho deste ano atingiram as mil unidades.

Boas perspectivas
Quer a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) quer as marcas ouvidas pelo Negócios – Renault e Nissan – mostram-se confiantes de que o dinamismo no mercado nacional se irá manter.

O secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, sublinha o forte crescimento do segmento, embora reconhecendo que o seu peso no mercado automóvel ainda é muito reduzido.

António Pereira Joaquim, director de comunicação da Nissan Portugal, indica que as vendas do Nissan Leaf, que se cifravam em 608 unidades no final de Junho, ascendem a 921 veículos nos primeiros oito meses do ano. Este valor, refere o responsável, coloca o modelo eléctrico da marca nipónica como líder do segmento e no terceiro lugar entre os veículos com energias não convencionais, apenas atrás dos Toyota C-HR e Auris, híbridos de gasolina e electricidade.

Fonte oficial da Renault disse ao Negócios que as vendas do Renault Zoe – líder no primeiro semestre entre os eléctricos com 631 veículos vendidos – somaram 765 automóveis no final de Agosto. Nos primeiros oito meses deste ano, as vendas de automóveis eléctricos em Portugal foram de cerca de 2.600 unidades, avançou Ricardo Oliveira, director de comunicação e imagem da Renault Portugal. "É perfeitamente possível que o mercado português de automóveis eléctricos atinja, em 2018, cerca de 4.000 unidades, o que já é um número significativo", estima.

A ACAP considera que o actual "pacote fiscal para os automóveis eléctricos é interessante". No entanto, admite que poderia haver um reforço nos incentivos. Helder Pedro refere também que poderia ser introduzido um incentivo aos veículos híbridos e defende que, para as empresas, deveria ser possível deduzir o IVA da gasolina nos híbridos.

Os incentivos para a compra de carros eléctricos na UE

Apenas três dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE) – Croácia, Estónia e Lituânia – não apresentam qualquer tipo de incentivo à compra de automóveis eléctricos. A maioria dos países concede benefícios fiscais para estes veículos, por vezes complementados com apoios directos à aquisição.

Holanda oferece isenções fiscais
A Holanda, o país da UE onde as vendas de automóveis eléctricos tiveram maior peso no total no primeiro semestre, concede isenções fiscais para os veículos com zero emissões de dióxido de carbono (CO2). Assim, os automóveis eléctricos estão isentos do pagamento do imposto sobre a matrícula e os proprietários estão dispensados de pagar o imposto de circulação até 2020. O país aplica a taxa mais baixa – 4% – no imposto sobre o rendimento no uso privado de carros de empresas.

alemanha isenta imposto de circulação
A Alemanha, o maior mercado automóvel do espaço europeu, concede uma isenção do imposto de circulação por um período de 10 anos após a data da primeira matrícula de um automóvel eléctrico. Adicionalmente, desde Julho de 2016, que o Estado germânico concede um apoio, a que chama de "bónus ambiental", no valor de quatro mil euros para os veículos 100% eléctricos e que desce para os três mil euros no caso dos automóveis híbridos "plug-in".

França concede apoios e benefícios fiscais
Em França, o terceiro país europeu em volume de vendas automóveis, existem apoios para a aquisição de veículos menos poluentes, bem como benefícios fiscais. As regiões francesas têm a opção de conceder isenção total ou parcial (50%) do imposto de matriculação aos veículos com energias alternativas. Existem ainda outras isenções fiscais. O Estado concede também um apoio de quatro mil euros para a troca de um veículo a diesel com mais de 11 anos por um eléctrico.

Espanha e Itália com apoios pouco eficazes
Espanha e Itália, quinto e quarto maiores mercados da UE, apresentam vários incentivos, mas apresentam valores modestos nas quotas de veículos eléctricos no total de vendas de ligeiros de passageiros, com 0,31% no país vizinho e 0,2% no caso de Itália. Em Espanha, vários dos principais municípios concedem reduções de 75% no imposto de circulação para veículos eléctricos. Já em Itália, quem compra um carro eléctrico está isento do imposto de circulação por cinco anos.

Roménia e Eslovénia com apoios generosos
A Roménia e a Eslovénia são dois dos países que concedem apoios de maior valor para a compra de veículos eléctricos. Na Roménia, o apoio pode atingir os 10 mil euros, acrescido de 1.500 euros pelo abate de uma viatura com mais de oito anos. Os automóveis eléctricos não pagam imposto de circulação. No caso da Eslovénia, os apoios variam em função da classe do veículo, mas o valor do incentivo pode ascender a 7.500 euros para viaturas eléctricas de nove lugares.