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Carregar veículos elétricos começa a ser pago a 1 de novembro
Dinheiro Vivo


O secretário de Estado do Ambiente, José Gomes Mendes, anunciou esta sexta-feira na Lisbon Mobi Summit que os carregamentos rápidos de veículos elétricos na rede pública Mobi-E vão começar a ser pagos a partir de 1 de novembro. Isto depois de terem falhado os últimos dois prazos mais recentes avançados pelo governo e pela Mobi.E, ou seja, 1 de julho e 1 de outubro de 2018. Há vários meses que os operadores de pontos de carregamento elétrico reclamam a introdução dos pagamentos na rede. Sobre uma das questões que levantava mais polémica até agora – a inclusão da contribuição para o audiovisual (2,85 euros por mês, sem IVA) paga à RTP, na conta da mobilidade elétrica – o governante confirmou que os utilizadores da rede Mobi.E não vão suportar este custo, algo que vinha a ser alvo de negociações com a ERSE.

“Vamos arrancar com os pagamentos dos carros elétricos na rede a partir de 1 de novembro. Teremos em meados de outubro um acordo com os operadores de pontos de carregamento”, anunciou o secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, durante a Lisbon Mobi Summit, organizada pelo Dinheiro Vivo. O mesmo governante recordou que até agora só os operadores privados têm pago a energia consumida pelos utilizadores e que este serviço “tem sido gratuito para o operador”. O início do pagamento para carregar os carros elétricos deverá permitir, no entender de José Mendes, converter as “manifestações de interesse da iniciativa” privada em novos postos. Essa conversão permitirá cumprir, “nos próximos 3 ou 4 anos”, as metas do Governo nesta área: “um carregador rápido por cada 80 veículos e um carregador normal por cada 15 veículos”, fixou o mesmo responsável. 

O executivo pretende que existe uma “rede de carregamento que esteja presente em qualquer área de serviço e que possa funcionar com diferentes operadores. Ultrapassado o primeiro semestre do ano, fonte próxima da Mobi.E tinha já revelado que os carregamentos rápidos (80% da bateria em meia hora) iriam começar a ser pagos pelos proprietários dos carros elétricos ainda durante o terceiro trimestre (até outubro), enquanto os carregamentos normais só deverão ficar a cargo dos consumidores “no início de 2019”. O governo adia agora mais um mês, para 1 de novembro, o primeiro objetivo, ou seja, o pagamento nos postos de carregamento rápido, que já vem sendo reclamado por várias empresas que atuam no setor da mobilidade elétrica, a começar pela EDP. Ontem, João Marques da Cruz, administrador da EDP Distribuição, defendeu na Mobi Summit que “são os utilizadores dos carros elétricos que devem pagar o sistema de mobilidade elétrica”, interpelando o governo, e mais concretamente o Ministério do Ambiente, para a necessidade de criar “legislação para atuar a esse nível”. Até novembro, continuam então a ser os operadores responsáveis pelos mesmos a suportar o encargo com a eletricidade consumida. Fontes de várias empresas, ouvidas pelo Dinheiro Vivo, reportam prejuízos com este novo atraso da entrada em regime de mercado. No entanto, a “fatia de leão” diz respeito ao valor pago pela Mobi.E (ou seja pelo Estado) face aos restantes 400 postos de carregamento normal: uma fatura mensal que neste momento ascende já a 29 mil euros por mês. 

Hoje o secretário de Estado do Ambiente disse que não há indicação dos custos para o Estado, neste momento. Quanto às razões para os sucessivos atrasos na cobrança dos carregamentos elétricos, a Mobi.e tem vindo a justificar que “há trabalhos ainda serem feitos” e só quando todos os stakeholders se sentirem prontos, se avançará para a fase de mercado, já que a empresa tem todo o “interesse em que a mobilidade elétrica funcione da melhor forma”. Além disso, está também a decorrer um projeto de atualização tecnológica em 304 postos da rede de carregamentos, a cargo da Efacec (por 570 mil euros) que deverá ficar concluído também até outubro. 

Esta semana, fonte do Ministério do Ambiente, citada pelo Jornal de Negócios, reafirmou que continuam a ser desenvolvidos os trabalhos necessários para que o início dos pagamentos seja “assim que possível”. A mesma fonte revelou ainda que a rede Mobi.E vai ter mais 302 postos de carregamento até março de 2019.