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Emigrantes fazem agosto valer mais do que o Natal
Dinheiro Vivo


Embora a saída de portugueses para o exterior esteja a diminuir, face aos anos mais recentes da crise, a verdade é que a taxa de emigração em Portugal ronda, ainda, os 22%. E agosto permanece como o mês de eleição para visitar a família e os amigos, e o impacto faz-se sentir na economia nacional, seja ao nível da restauração e hotelaria, como ao nível do comércio. No segmento alimentar, por exemplo, há lojas com vendas superiores em agosto face ao período natalício, garante a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). João Vieira Lopes, presidente da CCP, não tem dúvidas sobre a importância económica do regresso dos emigrantes. “Nota-se muito, especialmente no Centro e Norte, e em especial nas áreas do segmento alimentar. Há lojas que conseguem faturar mais em agosto, com a vinda dos emigrantes, do que em dezembro, com o Natal”, assegura.~

Negócio imobiliário 

Aponta, em especial, as vendas de vinho do Porto – “compram muito para levar e oferecer aos patrões e amigos” -, mas também de vestuário e calçado, “com preços mais atrativos em Portugal”, e de eletrodomésticos e mobiliário. “O negócio das casas novas caiu muito, mas as pessoas aproveitam a vinda a Portugal para remodelarem as habitações”, refere, lembrando que a restauração tem, também, um acréscimo de procura nesta altura. O imobiliário é outro dos setores que tiram partido das férias dos emigrantes. Mas não dos mais jovens que, “estando em constante mudança”, mostram preferência pelo mercado de arrendamento. Não quer dizer que não haja “casos pontuais” de compra de habitação entre os mais jovens, mas é sobretudo entre os emigrantes que “estão mais próximo da reforma e que tencionam regressar a Portugal” que o investimento se faz. E um pouco por todo o país, garante Luís Lima, presidente da associação APEMIP: “Estes cidadãos preferem investir nas regiões de origem, há alguns que regressam e procuram adquirir e recuperar antigas casas de famílias abastadas da terra, concretizando o sonho de serem proprietários de ativos com que têm uma relação emocional”. E o que acontece ao imóvel enquanto não voltam? “Varia. Há quem o procure rentabilizar, colocando-o no mercado de arrendamento, e há quem prefira manter a casa fechada”, refere. 

As questões financeiras 

O crédito à habitação é um dos produtos bancários mais procurados pelos emigrantes, segundo fonte oficial do Crédito Agrícola, instituição que garante ter um “afluxo de novos clientes deste segmento”. Reflexo disso é o “contínuo aumento” das remessas de emigrantes, a procura de crédito à habitação e de colocação de recursos. Mas há, claramente, admite a mesma fonte, uma “menor dependência” da banca portuguesa, a começar pela “integração social e económica nos países de residência”, mas também pela “mudança de hábitos”, já que os emigrantes hoje “não vivem exclusivamente para constituir aforro”, o que os leva a procurar um relacionamento com bancos locais, para as questões do dia-a-dia. E há a desconfiança gerada por casos como o da resolução do BES, embora o CA assegure que “estes fatores foram já, em grande parte, ultrapassados”. Pelo contrário, no que à construção diz respeito, o impacto dos emigrantes é diminuto. “Não têm significado expressivo em termos de obras, a não ser as de manutenção normal da casa que cá têm”, diz o presidente da AICCOPN, Reis Campos. 

6% Remessas em crescimento 

Apesar de o número de portugueses a sair para o estrangeiros estar a cair (menos 39,7% em 2017 do que em 2014), as remessas dos emigrantes continuam a crescer. O que indicia que se tratará de trabalhadores mais qualificados. 

Reino Unido no top dos destinos 

O Reino Unido é o principal destino dos novos emigrantes, seguido da França e da Suíça. No entanto, no que às remessas diz respeito, a França lidera com quase um terço do aforro de emigrantes: 1151 milhões de euros em 2017.