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Bruxelas já está a preparar resposta às tarifas de Trump sobre automóveis
Jornal de Negócios


A União Europeia está a preparar uma nova lista de produtos importados dos Estados Unidos para impor tarifas, de modo a responder a Donald Trump se este avançar com um aumento das taxas aduaneiras sobre os automóveis europeus.

A notícia está a ser avançada esta quinta-feira pela Bloomberg, que dá conta que a Comissão Europeia jáinformouos embaixadores da UE sobre as relações comerciais com os Estados Unidos que está a trabalhar nas "medidas de reequilíbrio" que implementará de imediato se os Estados Unidos avançarem mesmo com a subida das tarifas aos automóveis europeus. Actualmente, os Estados Unidos impõem uma tarifa de 2,5% sobre os carros importados da UE enquanto a Europa aplica uma taxa de 10% sobre os carros vindos dos Estados Unidos.

O Departamento norte-americano do Comércio arranca esta quinta-feira com dois dias de audições no seu inquérito para determinar se as importações de automóveis representam uma ameaça à segurança nacional. A Administração Trump, recorde-se, tem estado a ponderar impor tarifas de 20% aos automóveis que entrem no país, com base nessa justificação.

Bruxelas já tinha ameaçado Washington de que se os EUA impuserem novas tarifas aduaneiras sobre a indústria europeia de veículos e componentes de automóveis, a UE responderá na mesma moeda, agravando as taxas alfandegárias sobre as exportações norte-americanas de automóveis que valem cerca de 294 mil milhões dólares.

As tarifas vão ser o prato forte do encontro agendado para a próxima semana (25 de Julho) entre Jean-Claude Juncker e Donald Trump. O presidente da Comissão Europeia, segundo a Bloomberg, vai levar ao presidente dos Estados Unidos duas propostas para evitar uma escalada na guerra comercial.

Tal como Angela Merkel já tinha revelado, a UE está disponível para baixar as tarifas que impõe aos carros importados dos Estados Unidos. A segunda proposta de Juncker passa pela possibilidade de abordar a constituição de um acordo limitado de comércio livre entre os dois blocos económicos.

Mas Donald Trump não está para já a dar sinais de que quer um entendimento com a União Europeia, que na semana passada foi classificada de "inimigo" dos EUA. Após uma reunião na quarta-feira, precisamente para preparar a reunião com Juncker, o presidente dos EUA ameaçou a UE com uma "tremenda" capacidade de castigo em matéria comercial, especialmente no sector automóvel.

"Dizemos que, se não negociarmos algo justo, temos uma tremenda capacidade de castigo que não queremos usar, mas temos grandes poderes", declarou Donald Trump. "Incluídos os automóveis. Os automóveis são o mais importante. E sabem do que estamos a falar a propósito de automóveis e taxas alfandegárias", acrescentou.

Trump insistiu na necessidade de a UE ceder às suas exigências de facilitar o acesso dos produtos norte-americanos ao mercado europeu e ameaçou com a aplicação de taxas alfandegárias de até 20% sobre as importações de automóveis provenientes da UE.

O Urânio depois do aço e alumínio

Depois do aço e do alumínio, o urânio poderá tornar-se o próximo alvo das tarifas aduaneiras da administração Trump.

O Departamento do Comércio dos Estados Unidos anunciou esta quarta-feira, 18 de Julho, a abertura de uma nova investigação no âmbito da "Secção 232", com o objectivo de determinar se as importações de urânio ameaçam a segurança nacional dos Estados Unidos, o mesmo argumento que foi utilizado para justificar as tarifas impostas sobre as importações de aço e alumínio.

Se a investigação concluir que as importações de urânio ameaçam a segurança nacional dos Estados Unidos, a administração Trump poderá decidir impor tarifas ou quotas, à semelhança do que aconteceu com o aço e com alumínio.

Desde Junho passado, as exportações de aço e alumínio para os EUA pagam, respectivamente, taxas alfandegárias de 25% e 10%, uma decisão tomada por Trump com o objectivo de equilibrar as relações bilaterais. Bruxelas retaliou posteriormente com o reforço das tarifas aplicadas à importação de um conjunto de bens importados dos EUA.