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Brexit. Investimento britânico em Portugal cresceu cinco vezes em 2017
TSF


Em 2017 o investimento do Reino Unido em Portugal cresceu mais de cinco vezes, passando de 140 para 750 milhões de euros e o governo acredita que pelo menos parte do aumento pode ser explicado com o Brexit.

No dia em que António Costa inicia uma viagem de dois dias a Londres, a TSF falou com o presidente da Portugal IN, a agência anunciada há um ano com o objetivo de atrair para Portugal companhias presentes no Reino Unido e que, por causa do Brexit, queiram sair do país mantendo-se na União Europeia.

Como tem evoluído a relação comercial entre Portugal e o Reino Unido?
Portugal hoje exporta três vezes mais do que importa para o Reino Unido. O investimento do Reino Unido em Portugal em 2017 cresceu cinco vezes, e mantém uma posição cimeira no mercado emissor de turistas para Portugal.

Esse crescimento pode ser de alguma foram relacionado com intenções das empresas por via do Brexit ou será por outros motivos?
Há uma parte económica do Reino Unido, mais preparada para estes desafios, que olhou para o Brexit manifestamente como um problema. Para Portugal é muito importante, sobretudo, mostrar o nosso país, através de um fórum económico Portugal - Reino Unido. Serão oradores representantes de empresas que já fazem investimentos em Portugal e poderão falar dessa experiência. Temos também os casos da Feedzai e da Syndicate Room, que têm fundadores portugueses que no Reino Unido procuram ser embaixadores da nossa causa. Temos consciência que a nossa relação com o Reino Unido - respeitosa, amigável, centenária - pode ser reforçada neste novo quadro político que se aproxima.

A Portugal IN foi anunciada há cerca de um ano. Qual o papel da Portugal IN na atração do investimento do Reino Unido?
Procuramos um compromisso entre a procura de quem quer investir - e nisso trabalhamos com a AICEP, com o Turismo de Portugal e o lançamento da campanha "Can't Skip facts", que visa sobretudo comunicar Portugal - mas olhamos também para os problemas existentes, em função dos testemunhos de quem quer investir em Portugal. E aí, em contacto com diversas formas da administração, seja no quadro regulador - o Banco de Portugal, a CMVM -, seja os serviços consulares na concessão de vistos, ou com o SEF nas autorizações de residência para investimento, procuramos reduzir obstáculos ao investimento. E em determinadas matérias avançou-se: hoje é possível obter uma autorização de residência para investimento em qualquer circunscrição do país; hoje, a submissão de toda a documentação já se pode fazer por plataforma, reduzindo o incómodo de quem tem de vir a Portugal apenas para recolha de dados biométricos. O caminho não está determinado, mas fez-se algum percurso no sentido de tornar o país mais atrativo.

Ao longo deste período notou um aumento do número de contactos de empresas britânicas interessadas em investir em Portugal?
Todos temos consciência que Portugal vive um ótimo momento, com crescimento da economia, redução da taxa de desemprego, redução consolidada da redução da dívida pública, o défice orçamental. São matérias que valorizam a nossa economia porque as condições de financiamento são melhores em consequência disso. O que sentimos verdadeiramente é que - para além dos aspetos tradicionalmente mais conhecidos, como a capacidade de acolhimento ou os dias de sol - hoje temos de facto um país que tem capacidade de resposta e isso é muito positivo e não é por acaso que hoje é possível falar em cerca de 1,6 mil milhões de euros de investimento em análise, dos quais 70% são investimento direto estrangeiro.

Desses 1,6 mil milhões, quanto chegou do Reino Unido?
Nós quando olhamos para o Reino Unido, olhamos também para países que têm uma relação tradicional com o Reino Unido e que procuram alargar o âmbito de atividade. A Índia, o Japão, os Estados Unidos e a China olham com muito interesse para Portugal.