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Mais quatro edifícios históricos vão ser concessionados a privados
Expresso - Semanário


Há uma nova remessa de edifícios classificados como património prontos a ir a concurso no âmbito do programa Revive, lançado pelo Governo em 2016 com o objetivo de abrir à concessão de privados e para fins turísticos imóveis públicos que estavam sem utilização ou mesmo ao abandono.

Segunda fase do Revive a lançar este semestre vai concessionar mais edifícios públicos que não são património histórico

“Nos próximos dois meses vamos lançar mais quatro concursos”, adianta Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, enfatizando que “o Revive já se tornou um projeto emblemático na recuperação e transformação de ativos económicos de edifícios patrimoniais em todo o país, muitos deles concentrados no interior”.

Edifício que ardeu com os incêndios vai agora à concessão

Um dos edifícios públicos que nos próximos meses vai ser objeto de concurso do programa Revive é o Colégio de São Fiel em Castelo Branco, que foi atingido pelos fogos violentos que ocorreram em 2017. “É um dos edifícios que arderam durante os incêndios, mas mesmo assim vamos avançar com o respetivo concurso”, refere Ana Mendes Godinho, considerando manter-se o interesse turístico por este imóvel do Estado que está há anos sem utilização, apesar dos danos que sofreu durante os incêndios. “É um antigo colégio jesuíta em Castelo Branco, e o edifício é lindíssimo”, frisa a secretária de Estado do Turismo.

Outro edifício do programa Revive pronto a ir a concurso é a Coudelaria de Alter do Chão no Alto Alentejo (onde a artista maltesa Christabelle, que vai participar no Festival Eurovisão da Canção 2018, gravou em fevereiro o respetivo vídeo). O pacote dos novos concursos integra ainda o Convento de Santa Clara em Vila do Conde e o Forte de São Roque, conhecido como Forte da Meia Praia, em Lagos.

“Neste momento também já está disponível a nova linha de €150 milhões para apoiar o desenvolvimento dos projetos Revive”, avança a secretária de Estado, explicando tratar-se “de uma linha protocolada entre o Turismo de Portugal e os bancos, com condições especiais, para apoiar os investidores no desenvolvimento dos projetos Revive, e também assim garantir a viabilidade deste programa de recuperação de património público que está sem utilização”.

Novo Revive sem monumentos

Além dos 33 edifícios já identificados para concessões turísticas no âmbito do Revive, o Governo prepara-se para lançar ainda no primeiro semestre uma nova fase do programa em que analisou 40 edifícios públicos que estão atualmente sem utilização. “É outro programa que vamos lançar este ano, a segunda fase do programa Revive, que terá contornos diferentes, já não será para património classificado”, adianta Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo. “Lançámos o programa Revive numa primeira fase a pensar em edifícios nacionais com valor monumental, mas na segunda fase já não terá estas características, o objetivo é colocar à concessão de privados património público que está sem ser usado e para poder servir as regiões onde se insere”.

Nas concessões que decorrem do programa Revive, são os privados que assumem as obras de reabilitação que os imóveis necessitam. Dos 33 edifícios públicos identificados para lançar à concessão turística, quatro já foram objeto de concurso.

O primeiro projeto Revive a ir para o terreno foi o Convento de São Paulo em Elvas, adjudicado à Vila Galé, onde já decorrem as obras para um hotel de quatro estrelas com o tema das fortificações portuguesas. Seguiu-se o dos Pavilhões do Parque D. Carlos I nas Caldas da Rainha, ganho pela Visabeira, e também no ano passado o do Hotel Turismo da Guarda, que foi adjudicado ao agrupamento de empresas MRG. O último concurso a avançar, já em 2018, foi a Quinta do Paço de Valverde em Évora, estando atualmente em análise duas propostas de interessados.

Tratando-se de património público, cada edifício envolve um trabalho demorado até ir a concurso. “Estudaram-se os imóveis um a um, obrigou a um trabalho de campo muito exigente sobre estes edifícios do Estado que estavam desocupados e a precisar de investimento, e também foram feitos estudos, caso a caso, para determinar se o edifício pode ser um hotel, um restaurante, um ninho de empresas ou ter outro tipo de utilização”, refere Ana Mendes Godinho. “É preciso recuperar o património, e só o princípio de pôr todas as entidades envolvidas a falar umas com as outras, desde as Finanças à Cultura, já foi um passo muito importante”.

Será um programa para perdurar no futuro, mesmo com eventuais mudanças de Governo? “Acredito que o mérito e os resultados do programa viverão por si”, sustenta a secretária de Estado do Turismo. “Eu espero que seja um programa estruturante para Portugal e que mude a perceção e a forma como tem sido olhado o nosso património”, acrescenta, referindo que haverá uma segunda fase do Revive a lançar este semestre, que já não terá património classificado (ver texto ao lado).

CONCURSOS DO PROGRAMA REVIVE JÁ CONCLUÍDOS

Convento de São Paulo em Elvas

O primeiro projeto Revive a ir para o terreno foi ganho pela Vila Galé, que já está a reconverter o convento em Elvas num hotel de quatro estrelas dedicado ao tema das fortificações portuguesas. O hotel vai abrir no primeiro trimestre de 2019 e envolveu investimentos de €5 milhões

Pavilhões do Parque D. Carlos nas Caldas da Rainha

Adjudicado ao grupo Visabeira, o projeto passa desenvolver ali um hotel de cinco estrelas “com características inovadoras e ligando a hotelaria à cerâmica”, também integrado num programa de visitas ao museu e à fábrica Bordallo Pinheiro

Hotel Turismo da Guarda

O concurso foi ganho pela MRG, grupo de empresas da Guarda, cujo projeto passa por um hotel-boutique de 50 quartos com o tema da neve, num investimento previsto de €7 milhões

Quinta do Paço de Valverde em Évora

O último concurso do Revive avançou já em 2018 e recebeu duas propostas. O prazo-limite para decidir o vencedor é 2 de junho