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Compras de turistas isentas de IVA disparam 36%
Expresso


É um sinal do impacto económico que está a vir dos turistas de mercados distantes: em 2017 o volume de compras em Portugal em regime tax free deu um salto de 36%, segundo a Global Blue, gestora das operações que envolvem o reembolso do IVA a turistas extracomunitários.

Em 2017 destacou-se o crescimento de 54% das compras tax free dos turistas brasileiros, mas também o de 47% dos turistas da China, que lideram em valor da compra média, que atingiu €642. Também os turistas dos Estados Unidos evidenciaram subidas de 53% nas compras feitas em Portugal e com um valor médio elevado (€506), mantendo-se aqui a predominância dos angolanos que asseguraram 34% do total de compras (ver infografia). No geral, a compra média dos turistas não europeus cifrou-se em €269.

As compras tax free dos turistas extracomunitários envolvem uma diversidade de produtos, à cabeça roupa e sapatos, mas também relógios, perfumes ou cerâmicas, sendo os compradores posteriormente reembolsados na alfândega do valor equivalente ao IVA. Esta isenção não se aplica a consumos em restaurantes e hotelaria, só se aplica a lojas aderentes e implica compras mínimas de €61,35.

Portugal foi no ano passado “o país europeu que mais cresceu” em compras tax free, com os turistas fora da União Europeia a “gastarem num dia em compras o mesmo que os europeus numa semana”, destaca a Global Blue. E enfatiza o potencial que representa o aumento de 36% deste volume de compras face a 2016, com os extracomunitários a garantir 21% das receitas turísticas do país, correspondentes a um encaixe financeiro de €2,633 milhões num total de gastos de €12,680 milhões.

Puxar pelo filão do ‘turismo de compras’ em Portugal

A partir de 1 de julho o processo vai ficar simplificado com a entrada em vigor em Portugal do reembolso eletrónico associado às compras tax free (o chamado ‘eTaxFree’) ao abrigo do programa Simplex. No novo modelo, que é integralmente digital, os dados transacionais de cada compra são comunicados em tempo real dos pontos de venda à autoridade tributária, bastando o turista dirigir-se aos quiosques eletrónicos disponíveis nos aeroportos para validar o processo de forma instantânea através da leitura do passaporte. Segundo a Global Blue, o tax free eletrónico vai “reduzir as filas de espera” e tornar o processo mais eficiente e seguro para a alfândega, mas frisa que obriga a “uma adaptação dos comerciantes a estas alterações, nomeadamente nos seus sistemas de faturação”.

A Global Blue também está a preparar a entrada em funcionamento em Portugal de serviços de reembolso específicos para os turistas chineses, através da plataforma Wechat e da rede Alipay.

Em 2017 os turistas extracomunitários gastaram em Portugal num dia o mesmo que os europeus numa semana

Apesar do volume crescente das compras de chineses, brasileiros, angolanos ou norte-americanos, Portugal ainda está a desperdiçar este filão de turismo onde “está tudo por fazer”, conforme sustenta João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria e presidente do comité organizador do congresso sobre Turismo de Qualidade e de Compras em Portugal, o Summit Shopping Tourism & Economy, que vai decorrer em Lisboa a 16 de março.

Este congresso pretende ser o ‘pontapé de saída’ para o lançamento de “uma estratégia, com medidas concretas, para colocar Lisboa e Portugal na rota dos destinos mais atrativos para turismo de compras, como já existe em Londres, Paris ou Milão”, adianta João Vasconcelos, lembrando que o evento vai contar com especialistas internacionais, representantes do Turismo de Portugal, hoteleiros, lojistas e até chefes de cozinha. “Vamos discutir em conjunto como a cidade, as lojas e os hotéis se podem preparar para atrair estes turistas que vêm com o objetivo principal de fazer compras”, conclui.