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Comissário europeu da Educação, Cultura, Juventude e Desporto
Expresso


Tal como o presidente Jean-Claude Juncker declarou no seu recente discurso sobre o estado da União, “a Europa tem novamente o vento a seu favor”. Com efeito, todos os Estados-membros regressaram ao crescimento económico; mais pessoas do que nunca — 235 milhões — têm um emprego e existe um sentimento de otimismo e de confiança renovado. A nova edição do Monitor da Educação e da Formação da Comissão Europeia também revela alguns resultados positivos. A taxa de abandono escolar precoce tem descido e está muito próxima do objetivo europeu de 10 %. Em Portugal, desceu de quase 19% para 14%. Os Estados-membros da UE estão igualmente a registar bons progressos na educação e nos cuidados na primeira infância e na taxa de ensino superior. A empregabilidade dos recém-licenciados está a aumentar e o investimento na educação tem aumentado após anos de cortes orçamentais.

No entanto, temos muito por onde melhorar. Os Estados-membros estão longe de atingir um objetivo crucial: reduzir a taxa de alunos com fraco aproveitamento em leitura, matemática e ciências. Os resultados do estudo PISA de 2015 mostram que a UE no seu conjunto está atrasada e os resultados pioraram em relação a 2012. Portugal regista resultados melhores do que a média europeia em relação ao desempenho em leitura e em ciências e próximo da média europeia em relação a Matemática. No entanto, os dados mostram que um em cada cinco europeus com 15 anos de idade não atinge o nível básico de competência num destes três domínios essenciais. Além disso, o Monitor da Educação e da Formação confirma que, de forma preocupante, os jovens provenientes de meios sociais desfavorecidos são mais suscetíveis de não adquirir estas competências básicas.

Os nossos sistemas de educação não estão a produzir resultados nos pontos mais fundamentais, o que representa um grande risco para a nossa competitividade e prosperidade. Mais importante ainda, é uma grave ameaça para a coesão social da Europa. Como podemos ensinar competências digitais nas nossas escolas e transformar as nossas universidades em líderes mundiais de inovação se um em cada cinco alunos não sabe ler nem escrever? Como podemos sonhar com a excelência e a competitividade num mundo globalizado se milhões de estudantes abandonam a escolaridade obrigatória sem um mínimo de conhecimentos das ciências? E será que podemos afirmar que a educação permite a mobilidade social se milhares de alunos têm o acesso a oportunidades selado ao abandonar a escola?

Uma educação de qualidade para todos é a base de uma Europa do futuro que seja mais justa, mais inclusiva, mais resiliente e mais inovadora. Os baixos níveis de competências básicas são o ‘calcanhar de Aquiles’ da Europa em termos de educação e, por conseguinte, devem ser a principal prioridade dos Estados-membros. Por conseguinte, desafio os Estados-membros a continuarem a reformar os seus sistemas de educação, a investir neles e a torná-los mais eficazes. A Comissão Europeia está pronta a intensificar a cooperação com vista a estimular as competências básicas e a equidade na educação. Só assim podemos proporcionar igualdade de oportunidades para todos os jovens a explorar ao máximo as suas potencialidades.