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Que crise é esta nas companhias low-cost?
Sábado


O processo tem sido discreto e sigiloso. Nos últimos meses, vários assistentes de bordo da Ryanair reuniram-se - pela primeira vez na história da empresa - para se sindicalizarem. "Têm sido organizadas sessões de esclarecimento sobre direitos e deveres, condições de contratação e, também, mecanismos legais ao nosso dispor para comunicar com a administração da empresa", disse à SÁBADO fonte do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, ao qual estes trabalhadores se irão juntar. "Há uma enorme vontade de mudança. Nesta altura, já estamos com números acima dos 50% da tripulação baseada em Portugal e tudo leva a crer que iremos conseguir um número mais elevado [de futuros sindicalizados]".

O caso, que em breve abrirá um precedente na história da Ryanair em Portugal, é mais um sinal de que o mercado das low-cost está a mudar. E não falamos apenas de sindicatos. Em Setembro, a companhia irlandesa anunciou o cancelamento de mais de 20 mil voos para os próximos seis meses, o que, segundo o presidente executivo Michael O'Leary, custou - só em Setembro e Outubro - cerca de 25 milhões de euros.

Mas os problemas no sector não ficam por aqui. Em Agosto, a alemã Air Berlin declarou insolvência - a Alitalia tinha feito o mesmo em Maio - e, no início de Outubro foi a vez de a britânica Monarch falir, deixando em terra cerca de 110 mil passageiros. O fecho das actividades da empresa, a quinta companhia aérea do Reino Unido, implicou ainda, de acordo com a própria organização, a anulação de 300 mil reservas.

Ao contrário da Ryanair, na Air Berlin e na Monarch estão em jogo questões financeiras. A Air Berlin perdeu o apoio do seu principal accionista, a Etihad Airways, e declarou insolvência. Por outro lado, a Monarch chegou à bancarrota na sequência das dificuldades que enfrentou após a queda de mercados turísticos como a Turquia e o Egipto. Com a saída destes países, e a aposta na Europa do Sul, já muito explorada, perderam também os subsídios, que no caso da Turquia se sabem ser elevados.