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Vem aí a ‘Airbus’ das baterias para carros elétricos
Expresso


1 BÉLGICA

Em linguagem militar, pode dizer-se que a Europa tem andado ‘a dormir na formatura’. Que é como quem diz: Bruxelas e alguns dos maiores construtores automóveis europeus têm falado muito da importância da mobilidade elétrica — sendo raro o mês em que não haja mais um anúncio pomposo sobre o lançamento de ‘n’ modelos de novos e asséticos carros — mas, no que toca à solução de base para o problema, muito pouco ou quase nada se tem passado.

E o que é que toca a Portugal?

Poucos saberão mas, no Seixo Amarelo, uma pequena aldeia do concelho da Guarda, existe a maior mina de lítio da Europa em exploração. Ora, se, como tudo indica, aquele mineral vier a ser uma espécie de petróleo do século XXI, Portugal está bem posicionado para ser membro de uma eventual ‘OPEP’ do lítio. Mas há um pormenor. É que o lítio que sai do Seixo Amarelo só avança um bocadinho no processo de transformação industrial. O suficiente para ser usado com fundente, sobretudo na indústria cerâmica. Ou seja, falta uma grande unidade siderúrgica que transforme o concentrado de lítio ali explorado em carbonato de lítio. Só na etapa seguinte da fundição se atinge o material que é usado nas baterias. Mas isso Portugal não tem. Só vende ‘pedra’. V.A.

Na verdade, em matéria de construção de baterias para os carros elétricos, a Europa está a levar uma goleada tanto da Ásia (nomeadamente da China e do Japão) como dos Estados Unidos da América. O assunto tem sido recorrente em discursos de circunstância, sempre que se fala da demonização dos carros a diesel e das respetivas emissões poluentes, mas agora ganhou um novo elã com uma proposta arrojada colocada em cima da mesa por Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela área da Energia.

Este influente político acha que a Europa deve pôr de pé uma espécie de ‘Airbus’ das baterias para abastecer os carros elétricos produzidos no Velho Continente — e também para exportação —, razão pela qual convocou já uma espécie de conclave empresarial para 11 de outubro, onde espera reunir algumas das maiores multinacionais europeias como a BMW, a BASF, a Solvay, A Mercedes-Benz, a Renault ou outras que, direta ou indiretamente possam vir a estar ligadas a esta indústria da mobilidade elétrica. De acordo com o Financial Times, Sefcovic quer cooperação total para que se possa recuperar o tempo perdido e adianta mesmo com um cheque de €2,2 mil milhões para ajudar a pagar as despesas de instalação do megaconsórcio.

Negócio de milhares de milhões impossível de ignorar

Tudo isto tem uma explicação muito simples e só não entende quem não quer: a procura de carros elétricos está a crescer em todos os continentes a um ritmo nunca visto e daqui a sete anos, segundo uma estimativa da Goldman Sachs, a procura de baterias de iões de lítio para fazer andar os novos automóveis (incluindo a vertente da condução autónoma) pode valer qualquer coisa como 40 mil milhões de dólares (€34 mil milhões). Um valor que não é de desprezar e as construtoras de automóveis sabem disso melhor que ninguém.

Como tem andado a empurrar com a barriga, a Europa acorda agora para o assunto com vontade de abocanhar o mais possível do grande bolo que é o novo mercado da mobilidade elétrica que está a emergir.

Um estudo recente da UBS sustenta que daqui a cinco anos as vendas de carros elétricos irão superar as de veículos movidos a diesel. E a verdade é que a Europa continua a não ter nenhuma fábrica de baterias que lhe permita ter uma palavra a dizer nesta autêntica corrida contra o tempo. Tempo que é dinheiro, que o digam os responsáveis da Volkswagen que ainda há pouco mais de 15 dias decidiram avançar para a construção da sua própria unidade de produção de baterias — independentemente das decisões agora tornadas públicas pela CE para a matéria — mas em associação com parceiros asiáticos, que também podem ser norte-americanos ou mesmo europeus. O CEO da VW Matthias Mueller, que pretende aplicar perto de €51 mil milhões neste projeto industrial, só não explicou se está totalmente envolvido no projeto agora promovido por Maros Sefcovic. Ou seja, a Europa pode não estar toda a puxar para o mesmo lado, também nesta matéria. Para já, a primeira fábrica de baterias de iões de lítio em larga escala, em solo europeu, está a ser construída na Polónia mas... pela sul-coreana LG Chem. Vítor Andrade

2 EUA E ESPANHA

Telepizza negoceia aliança com Yum!

O grupo Telepizza está em negociações com a norte-americana Yum! Brands, que detém a Pizza Hut, para fazer uma aliança entre as duas marcas nos mercados internacionais. O objetivo não passa por uma fusão ou compra mas por ‘sinergias’ em várias áreas, como a financeira ou de operações, e por uma estratégia conjunta de expansão internacional, com aposta na América Latina. Ainda assim, o grupo espanhol sublinha que “as negociações estão em curso e, por isso, não é possível assegurar que resultarão numa operação” entre as duas marcas. Nos primeiros seis meses do ano, a Yum! registou uma quebra de 3% nas vendas (para 2865 milhões de dólares, ou seja, €2438 milhões), com a Pizza Hut a contabilizar um decréscimo mais acentuado, para €456 milhões. Já a Telepizza mostrou o comportamento inverso, com um crescimento de 9,6%, para €276,5 milhões, e a entrada em novos mercados: Reino Unido, República Checa, Irão e Paraguai.

3 EAU

Emirados querem eliminar exposição ao Qatar

Vários bancos dos Emirados Árabes Unidos (EAU) têm estado a procurar desfazer-se das carteiras que têm de empréstimos ao sector bancário do Qatar, em virtude da crise diplomática no Golfo que enfrenta este último em relação à Arábia Saudita, EAU, Egito e Bahrain desde junho. Uma grande parte dos 10 mil milhões de dólares de empréstimos contraídos pelo Qatar desde 2014 vieram dos EAU, o centro financeiro da região.

4 ALEMANHA

O BCE ALERTOU OS BANCOS EUROPEUS PARA A NECESSIDADE DE FAZEREM MAIS PROVISÕES NO CRÉDITO MALPARADO. EM CAUSA ESTÁ UM BILIÃO DE EUROS DE MALPARADO QUE AINDA NÃO SAIU DO BALANÇO DOS BANCOS. MEDIDAS ADICIONAIS À QUE DECORRE DAS ALTERAÇÕES DE CONTABILIZAÇÃO DE IMPARIDADES A PARTIR DE 1 DE JANEIRO DE 2018. NOS PRIMEIROS MESES DE 2018 O BCE COMUNICARÁ AS SUAS RECOMENDAÇÕES SOBRE AS CARTEIRAS DE MALPARADO.

5 BÉLGICA

Vendas de carros a gasolina já superam versões diesel

As vendas de automóveis já refletem as críticas feitas aos veículos com motores diesel, bem como o anúncio de restrições à circulação destes carros em muitas cidades europeias. Pela primeira vez desde 2009, o mercado europeu vendeu mais automóveis com motores a gasolina do que as versões com motor diesel. No primeiro semestre de 2017, a quota de venda de automóveis diesel foi de 46,3%, o que se compara com os 50,2% registados no período homólogo de 2016. As decisões de compra são motivadas pelo teor das restrições de circulação impostas em cidades emblemáticas europeias de grande dimensão e pelas perspetivas criadas sobre a proibição, a curto prazo, de circulação de viaturas com motores a combustão — sejam a gasóleo ou a gasolina — para reduzir emissões poluentes. Em crescimento está a quota de venda de automóveis novos a gasolina no primeiro semestre de 2017, que atingiu 48,8%, o que se compara com os 45,8% registados em igual período do ano anterior.

6 INGLATERRA

CEO da Uber tem “reunião construtiva” em Londres

O presidente da Uber, Dara Khosrowshahi, reuniu-se esta terça-feira com o regulador dos transportes em Londres, Transport for London (TfL), depois deste ter determinado a não renovação da licença que permite à plataforma de transporte privado operar na capital britânica, por a Uber não ser “adequada nem competente” no desempenho dos seus serviços. Tanto a Uber como a TfL afirmaram que a reunião foi “construtiva” e anunciaram que mais encontros irão decorrer nas próximas semanas. Estes foram dias críticos para Khosrowshahi que, além de ter apaziguado as hostilidades em Londres, ainda conseguiu que os acionistas da empresa, altamente divididos, concordassem em alterar os direitos de votos, uma das condições para o fundo SoftBank Vision aprovar um pacote de financiamento de 10 mil milhões de dólares.

7 EUA

Tesla falha objetivos com o Modelo 3

Elon Musk, patrão da Tesla, não tem tido facilidade em concretizar os objetivos anunciados. Queria atingir um recorde de 1500 unidades do Modelo 3 no terceiro trimestre, mas a sua fábrica só conseguiu chegar às 260 unidades, ou seja, ficou abaixo dos 20% do volume pretendido. Mesmo assim, a marca de Musk garante que não terá problemas de produção. Para já, refere que o reduzido número de carros que saíram das linhas de montagem está relacionado com “atrasos na ativação de subsistemas de fabrico”.

8 JAPÃO

Nissan quer recolher carros vendidos nos últimos três anos

189 milhões de euros (cerca de 222 milhões de dólares ou 25 mil milhões de ienes) é o custo previsto para regularizar a situação de 1,2 milhões de veículos novos, vendidos nos últimos três anos, que a Nissan pretende recolher. Diz a empresa que as respetivas inspeções finais não foram realizadas por técnicos autorizados. Estes veículos de passageiros foram produzidos no mercado japonês entre outubro de 2014 e setembro de 2017, e entre eles incluem-se dois modelos que registaram recordes de vendas: a pequena carrinha Serena e o citadino Note. A Nissan pretende que estes carros sejam submetidos a inspeções que permitam atestar a qualidade da travagem e a forma como toda a parte mecânica se comporta durante a fase da aceleração.

9 SUÍÇA

UBS pode trocar 30 mil trabalhadores por máquinas

É mais um sinal do impacto da tecnologia e do desenvolvimento da inteligência artificial no mercado de trabalho. O banco suíço UBS podia cortar quase 30 mil trabalhadores da sua força de trabalho de 95 mil pessoas, devido aos avanços tecnológicos, disse o seu presidente-executivo, Sergio Ermotti, numa entrevista à Bloomberg Markets. “Podemos ter 30% menos empregos, mas esses empregos vão ser muito mais interessantes, onde a componente humana é crucial para prestarmos o nosso serviço”. Segundo Ermotti, a próxima década será muito influenciada pela tecnologia, tal como a anterior ficou marcada pela regulação. Um processo “que não será o Big Bang, vai ser muito gradual”, considerou. E que tornará o serviço ao cliente muito mais rápido: “Em vez de servir 50 clientes, poderemos servir 100 e de forma mais sofisticada.”