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Volkswagen quer acordo laboral em outubro
Expresso


O T-Roc é a “estrela” da Volkswagen no Salão de Frankfurt, gerando fortes expectativas no aumento das vendas da marca FOTO Reuters

A Autoeuropa tem de estabelecer um acordo laboral em outubro, garantindo que a produção do novo modelo T-Roc será assegurada num clima de estabilidade. Esta é a orientação que o presidente executivo da marca Volkswagen (VW), Herbert Diess, dá à administração da fábrica de Palmela e à próxima Comissão de Trabalhadores que for eleita a 3 de outubro. Também acena com a possibilidade de fazer novos investimentos locais.

Num encontro com a imprensa portuguesa, mantido à margem da 67ª edição do Salão Automóvel de Frankfurt — que decorre até 24 de setembro —, Herbert Diess disse acreditar numa solução que permita o consenso entre os trabalhadores e a administração, de forma a sanar os problemas laborais vividos na Autoeuropa, que têm vindo a “preocupar a VW na Alemanha”, diz.

salão automóvel

Frankfurt em modo elétrico

A edição de 2017 do maior salão europeu do sector automóvel abriu as portas sob o signo da mobilidade elétrica e da condução autónoma. Esta é a tendência seguida pelos maiores grupos do sector, com as marcas a apresentarem conceitos próximos dos veículos que serão produzidos nas versões comerciais, ou mesmo divulgando novidades que serão lançadas em breve nos mercados. Um dos modelos que marca esta edição é o Mercedes Project One AMG, um híbrido com mais de mil cavalos de potência conjugada, capaz de ultrapassar uma velocidade de 350 quilómetros por hora. Mais: o Mercedes Maybach cabrio é um trabalho de design com motorização elétrica, dispondo de 750 cavalos de potência. Mais próximo da realidade está o Audi Aicon, com quatro motores elétricos, 350 cavalos e uma autonomia de 800 quilómetros. Ou o SUV elétrico da Audi, o Elaine, com 435 cavalos e 500 quilómetros de autonomia. Totalmente real é o BMW i3, que vê a sua potência aumentada para os 184 cavalos. J.P.F.

A questão é fácil de explicar: o novo modelo T-Roc é muito importante para a VW e será exclusivamente fabricado em Palmela, implicando uma produção anual mínima de 240 mil veículos, o que só se conseguirá com 18 turnos laborais por semana, incluindo o trabalho ao sábado. No entanto, os trabalhadores não chegaram a acordo em relação às condições de laboração ao sábado, recusando a obrigatoriedade de trabalharem seis dias por semana. Por isso realizaram a primeira greve na história da Autoeuropa, a 30 de agosto.

Estas negociações foram feitas por novos elementos e não correram bem, como reconhece Herbert Diess. Na direção-geral da Autoeuropa está agora Miguel Sanches, em vez de António de Melo Pires. E António Chora já não coordena a comissão de trabalhadores, tendo sido substituído por Fernando Sequeira, que apresentou a demissão depois das negociações terem gerado descontentamento.

“Muitas pessoas mudaram na Autoeuropa e as negociações não correram como era habitual, alterando o diálogo e a estabilidade vivida durante duas décadas na fábrica de Palmela, e isso deixa-nos muito preocupados na VW”, comentou Herbert Diess.

“A VW tem de avançar no fabrico do T-Roc, o que implica que os acordos laborais fiquem concluídos em outubro”, adianta Herbert Diess. “Julgo que o que está a ser discutido por ambas as partes não se resume só a mais dinheiro para viabilizar a produção de mais três turnos ao sábado”, comentou o CEO.

“É fundamental para a VW começar rapidamente a produção do T-Roc, dando à fábrica da Autoeuropa plena utilização da sua capacidade instalada”, referiu. Herbert Diess explicou que a VW não tem qualquer plano para deslocalizar a produção do T-Roc para outras fábricas do grupo, nem mesmo de forma parcial”, assegurando que a totalidade da produção deste modelo será “feita em Palmela”.

O CEO da VW admite que podem ser feitos investimentos adicionais na Autoeuropa se for necessário aumentar a produção do T-Roc além das quantidades inicialmente previstas. Mas antes de a VW avançar para investimentos adicionais em Palmela deverá suprimir a produção do desportivo Scirocco, para aumentar a cadência de produção das unidades do T-Roc na linha de montagem. “Isso será o fim da produção do Scirocco, para possibilitar o fabrico de mais unidades do T-Roc”, prevê Herbert Diess. João Palma-Ferreira

O jornalista viajou a convite da Volkswagen

Wolfsburgo vai lançar 80 novos modelos elétricos até 2025

O Grupo VW prepara uma ofensiva de mercado: destruir a imagem de produtor de carros poluidores

A sede do Grupo Volkswagen (VW) — em Wolfsburgo — tem em curso uma das maiores operações industriais do sector automóvel: lançar 80 novos modelos elétricos até 2025, entre os quais haverá 50 veículos totalmente elétricos e 30 híbridos com baterias recarregáveis em tomadas elétricas — os designados plug-in. A informação foi divulgada pelo próprio presidente do Grupo VW, Matthias Müller, antes da inauguração da 67ª edição do Salão Automóvel de Frankfurt. É por isso que o presidente executivo da VW, Herbert Diess, reuniu no expositor da principal marca do grupo três fortes projetos de veículos elétricos e anunciou que a sua marca pretende ter em comercialização 23 veículos totalmente elétricos em 2025. O investimento que a VW pretende fazer na mobilidade elétrica entre 2020 e 2025 é da ordem dos €6 mil milhões.

O modelo provavelmente mais mediático é a versão elétrica do clássico “pão de forma” — o I.D. Buzz — que será colocado no mercado em 2022 e disporá de todas as tecnologias do mundo digital, designadamente, os desenvolvimentos destinados à conectividade entre pessoas, carros e edifícios, as soluções permitidas pelos avanços da internet e todos os gadgets que poderão vir a ser incorporados neste modelo.

No entanto, o modelo sobre o qual a VW divulgou mais detalhes é o I.D. Crozz, que é a versão aproximada do SUV elétrico que a marca pretende começar a produzir em 2020. Terá motores elétricos nos eixos dianteiro e traseiro, conjugando uma potência de 306 cavalos, uma velocidade máxima limitada a 180 quilómetros por hora e 500 quilómetros de autonomia com a mesma carga de bateria.

Esta “família” de veículos I.D. — que terá uma plataforma comum — funcionará com um nível de autonomia elétrica entre os 500 e os 600 quilómetros, o que permite uma utilização normal, sem restrições de circulação dentro dos parâmetros médios diários dos automobilistas. Como opção, podem dispor de um modo de condução totalmente automatizada, o designado I.D. Pilot.

Esta é a resposta do Grupo VW ao desgaste provocado pela maior crise da sua história, o ‘dieselgate’, que manipulou o nível de emissões poluentes de alguns modelos com motores diesel. Além do custo total do ‘dieselgate’ — milhares de milhões de euros que ainda não são totalmente quantificáveis —, este escândalo agravou a imagem negativa dos veículos a diesel, acelerando a sua erradicação nos centros de muitas cidades europeias. Apesar da conjuntura adversa, as marcas do Grupo VW venderam 10,29 milhões de veículos aos clientes em 2016, contra 9,93 milhões em 2015. As vendas totais do grupo em 2016 ascenderam a €217 mil milhões, contra €213 mil milhões em 2015, e os resultados depois de impostos passaram de €1,4 mil milhões negativos em 2015 para lucros de €5,4 mil milhões. O grupo tem 120 fábricas ativas em todo o mundo e emprega 626.715 trabalhadores. J.P.F.