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A expansão dos hotéis que contam histórias em Lisboa
Expresso


Em crescimento rápido, a rede My Story Hotels vai abrir quatro novos hotéis até 2018, todos na Baixa lisboeta e a funcionar em edifícios reabilitados. E já tem mais projetos para 2019

São pequenos hotéis que se propõem “contar histórias da Lisboa antiga”, começaram a abrir há cinco anos na zona da Baixa, e estão agora a crescer a ritmo acelerado.

A My Story Hotels tem atualmente dois hotéis abertos na Rua do Ouro e no Rossio, cujas taxas de ocupação anuais são da ordem dos 90%. Este ano terá uma terceira unidade, o My Story Hotel Tejo, que resulta da ampliação e remodelação do Hotel Lisboa Tejo no Poço do Borratém.

Mas a verdadeira explosão está prevista para 2018, ano em que a My Story Hotels vai abrir de uma assentada três hotéis na Baixa de Lisboa, elevando o seu portefólio a seis hotéis. Na calha, está a abertura de um hotel na Praça da Figueira, que será o primeiro cinco estrelas do grupo, além de um segundo hotel na Rua do Ouro e outra unidade na Rua Augusta. A rede que neste momento totaliza 155 quartos, está a preparar 330 novos quartos com os projetos que estão em obra, e num investimento estimado em €150 mil por quarto.

“A génese deste grupo é o imobiliário e a reabilitação de edifícios”, salienta Manuel Goes, diretor da rede My Story Hotels. “A nossa ideia desde o início era ter um conceito diferente de hotéis, que também casasse com a Baixa de Lisboa e a todos estes prédios que reabilitamos, tentando passar aos hóspedes algumas histórias da cidade e dos próprios edifícios, e permitindo-lhes uma experiência real, e não tanto 'turística' do que é Lisboa”.

Já com um hotel na Rua do Ouro (na foto), a My Story Hotels vai abrir uma segunda unidade nesta rua da Baixa lisboeta

A cadeia My Story Hotels nasceu em 2012, tendo como acionista principal o proprietário das sapatarias Seaside, Acácio Teixeira, quando Lisboa já evidenciava sinais de crescimento turístico, mas ainda antes do 'boom' dos últimos anos. “Mesmo nessa altura, a Baixa já estava a despertar interesse em termos imobiliários”, frisa Manuel Goes.

Mas foi a altura certa para adquirir os edifícios que o grupo está a reabilitar para os seus novos hotéis. “Estes edifícios têm tantas histórias engraçadas, e esta ideia de passar aos hóspedes uma vivência da cidade, mantendo a história e o património, e tentando conjugar a parte arquitetónica com aquilo que nós queremos contar, é uma parte fundamental do projeto”, adianta Manuel Goes.

Para 2019, a My Story Hotels já prepara novos projetos, em particular aquele que será o seu segundo hotel na Praça da Figueira, e vai resultar da reabilitação do prédio onde funcionava a loja JAO. Fora da Baixa, o grupo também já está a trabalhar num projeto para um hotel na zona do aeroporto de Lisboa, a instalar no edifício que era a sede da Seaside no Prior Velho.

A expansão para outras cidades nacionais também já está na mira da My Story Hotels. “Fora de Lisboa? Haveremos de lá chegar, mas primeiro é preciso solidificar a marca”, salienta Manuel Goes. “Não entramos em loucuras, mas para o nosso desenvolvimento enquanto cadeia hoteleira é preciso pensar nos próximos passos”.

Segundo o diretor da rede de hotéis, “faria todo o sentido entrarmos no Porto, mas neste momento é preciso analisar bem, face à dinâmica nos preços, pois o metro quadrado nesta cidade subiu em flecha”.

Relativamente a outras regiões para possível expansão da My Story Hotels, destaca ainda “a Madeira, talvez os Açores, e o Algarve”, a par de cidades como Évora ou Coimbra. “A nossa ideia é conseguir sempre prédios muito bem localizados, e tendencialmente para reabilitação”.

O My Story Hotel no Rossio, que como todos os hotéis da rede funciona num edifício reabilitado Foto José Caria

“A Baixa de Lisboa há uns anos estava deserta e sem vida. Quando hoje se diz que há excesso de turistas, acho que isso reflete um pouco a nossa postura como portugueses”, considera Manuel Goes. “Tem de haver um discurso sério sobre o que queremos para Lisboa e o impacto do turismo na cidade, com uma estratégia que permita saber para onde queremos ir. É sobretudo isto que falta”.

O responsável do grupo de hotéis lamenta que o turismo ainda seja tratado como um 'patinho feito', quando está a trazer tanto retorno ao país.

“O turismo tem sido fantástico para Portugal, pelo contributo ao crescimento do PIB, e também pela grande ajuda a nível do emprego - para não falar nos efeitos ao nível de reabilitação, educação ou cultura”, frisa.

“Tenho pena que este sector tenha sido tratado como um 'patinho feio' com a falta de reconhecimento do que é uma indústria que interage com cultura, educação, estradas, saúde ou até desporto. É pena que não haja um Ministro do Turismo para falar deste sector a uma só voz e com a força que merece”.