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Desemprego em queda acelerada
Expresso


1 O desemprego está a descer mais rápido do que o esperado?

Sim. A estimativa provisória do Instituto Nacional de Estatística (INE) para a taxa de desemprego em junho (ajustada de sazonalidade) é de 9%. É o valor mais baixo desde novembro de 2008, altura em que o desemprego estava nos 8,9%. Ao mesmo tempo, o INE reviu em baixa o valor de maio de 9,4%, para 9,2% (estimativa definitiva). A taxa de desemprego caiu 2,1 pontos percentuais no espaço de um ano e 1,1 pontos percentuais em menos de seis meses. Uma descida muito acelerada que desatualizou rapidamente as previsões das principais organizações internacionais, que apontam para valores entre os 9,7% e os 9,9% este ano. Mais ainda, no início de junho vários economistas contactados pelo Expresso esperavam uma taxa de 9% no final do ano. Um valor já atingido.

2 O que explica esta redução?

Sobretudo, a criação de emprego. No último ano — entre junho de 2016 e junho de 2017 — a população desempregada em Portugal diminuiu em 103,3 mil pessoas. Ao mesmo tempo, a população empregada aumentou em 129,1 mil pessoas. Ou seja, o emprego cresceu mais do que a redução da população desempregada. Uma evolução indissociável da aceleração da atividade económica, sobretudo desde os últimos meses de 2016. Até pelo perfil desta aceleração. O turismo tem tido um desempenho muito forte e é um sector muito intensivo em trabalho. Ou seja, cria muito mais postos de trabalho do que outras atividades, para o mesmo nível de investimento. E, tem sido acompanhado pela recuperação da construção e das atividades imobiliárias, que também são sectores intensivos em trabalho.

3 Há algum sinal de alerta?

Sim. A população ativa aumentou em 25,8 mil pessoas entre junho de 2016 e junho de 2017, mas, nos últimos dois meses encolheu face ao mês anterior, já que o crescimento do emprego ficou abaixo da redução do desemprego. É um sinal de alerta, embora possa dever-se a vários fatores. Um deles, positivo, é a maior retenção de jovens no sistema de ensino. Com a recuperação da economia e maior desafogo financeiro das famílias, a pressão para ingressarem no mercado de trabalho é menor, podendo prosseguir estudos. Outro fator, muito negativo, é o envelhecimento, que conduz, de forma estrutural, à redução da população ativa. Há pouco mais de uma década entravam, por ano, cerca de 130 mil jovens no mercado de trabalho luso. Agora, são cerca de 80 mil. Isto significa que à medida que os trabalhadores mais velhos se reformam, não há substituição de gerações.

4 O desemprego vai continua a descer na segunda metade do ano?

Os economistas contactados pelo Expresso acreditam que sim. Até porque o sector do turismo, que tem suportado de forma decisiva a criação de emprego nos últimos anos, tem conseguido combater a sazonalidade que caracterizava o sector em Portugal. Agora, a “época alta” não se limita aos três meses de Verão. Além disso, em ano de eleições autárquicas, é expectável que o sector da construção e obras públicas tenha um bom desempenho, acompanhando a recuperação das atividades imobiliárias. Contudo, apontam que a redução do desemprego na segunda metade do ano deve ser mais moderada do que o registado entre janeiro e junho.